Quando eu morrer
Quando eu morrer, não digas a ninguém
-que foi por ti
Se o sol deixar de brilhar e
a escuridão se refugiar no meu negro cofre
-que bate cada vez que respiras,
Não digas a ninguém que foi por ti
Quando de manha acordares,
Relembra aquelas nossas tardes,
Em que inundávamos os lençóis de beijos,
Que perfumavas com o teu doce e forte odor
Toda a decora penetrada que fazia subir
O calor e o desejo dos tensos vultos
Sussurravas ao meu ouvido, com voz gelada e tremida.
Aceito a dor que me percorre na espinha
Da dura e pesada culpa das sentidas saudades
Que o teu cheiro mantém vincado em mim,
Realçante da tua explicável ausência,
Como se uma lança trespassa-se o meu cofre
Morro das saudades que em mim permanecem
Da tua simples e vivaz alma,
Cobres com o teu negro manto, o meu frio corpo
Do topo da estátua, até aos desmaiados pés,
Que percorrem desvairadamente os teus negros
E viciantes caminhos, que me levam á desesperada
Tentação da tua perfeita fisionomia.
Cobre-me agora com o teu manto negro
Manchado com o sangue que derramámos, nas
Penetrantes e lindas horas que passámos juntos.
Até acordares e veres-me assim inata, estática e falecida,
Esperando por um último beijo teu, quente e impreciso,
Que me possa retomar á vida para voltar a morrer em teus braços.
Não digas a ninguém meu amor…
Que foi por ti!
Lady Magus Ba’rommis