Bebo o tempo
do renascimento,
recebo restos
de castelos em herança,
eu me encontro nas manchas do chão.
Carrego o brasão
da dinastia no peito,
converso com vultos,
sofro as cicatrizes
das trincas nas paredes.
A contra-gosto
desfaço meu baú de joias.
Navego nas ruínas
das pedras translúcidas
e nas imagens das almas passadas.
Bebo a noite
em sua metamorfose.
Nessa concertação
sirvo-me dos dragões imaginários,
teço espetáculos, colchas de retalhos.
Na reciclagem de mim mesmo
transformo a poeira em tijolos,
flecho a concepção
na certeza que a criança que gerei,
reencarnará.