Como sempre resta-me a ti, só me resta a ti, para falar as palavras não ditas e chorar em linhas sem lágrimas.
Posso odiar-te mas é no teu colo que busco meu conforto, órfão não sendo órfão pois te adoptei, como mãe, como pai e como amigo, mas… sinto-me só, e é por seres a única que me entende mesmo não entendendo nada do que eu digo.
Já me disseram que é imaturidade e falta de autodisciplina o uso que faço de ti, mas eu, eu não aguento só, e despejo-me em letras como quem reza a ultima oração antes da morte, morte minha? Medo da morte de alguma coisa? Medo da eternitude da solidão!
Solidão que só através de ti consigo aliviar, solto-te e depois sinto-me leve como se estivesse antes muito aflito e abandonasse-te numa casa de banho qualquer.
És o que eu tenho em excesso e não tenho ninguém a quem dar senão a mim mesmo através de ti.
Obrigado por ainda assim existires, mas as vezes sinto que se não existisses nunca carregaria este vazio que descarrego nas letras, pois em vez de escrever seria e ao ser gritaria, sorriria ou choraria.