Recordas-te,
De que quando nos encontrámos?
Os nossos lábios beijámos
E nem sequer se tocaram.
Os nossos olhos sorriram.
Os nossos corações se abriram.
Os nossos olhos falaram.
E dos passeios na nossa rua?
A minha mão apertava a tua
Naquelas tardes de verão.
E o nosso primeiro beijo...!
Dado com louco desejo
Foi fogo da nossa paixão.
Do dia do nosso casamento...
Inolvidável momento!
Toda de branco vestida.
Eu ia de fato preto
E a banda lá no coreto
Tocava um hino à vida.
E nas nossas mãos
Tínhamos dez dedos
Cheios de paixão
E que não estavam quedos.
Eram os teus e os meus
Que entrelaçados
Com a bênção dos Céus
Faziam amor, apaixonados.
Recordas-te
Da nossa discussão?
Não nos separou, isso não!
Foi um grão de areia
Mas a brisa do amor
Soprou-o com fulgor
E não mais voltou à aldeia.
E, quando num largo sorriso
Me deste o Paraíso
Dizendo que eu ia ser papá?
Foi um poema em prosa
Cantado por uma rosa
Milagres que a vida dá.
E hoje,
Junto à lareira
Admiramos a braseira
Que aquece nosso coração.
São brancos nossos cabelos,
Os nossos dias são belos
E damo-nos sempre a mão.
A. da fonseca
(este poema, é uma segunda versão do; A VIDA É UM POEMA EM PROSA)