Sonetos : 

AUTOFAGIA

 
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A vida na metade; e nada inda pudera
Apenas entender o quanto que me espera
Traduz o fim do jogo e quando a desventura
Encontro a cada curva e nada me assegura

Do quanto inda tentasse e sei que desespera
Quem tanto se prepara e mesmo noutra esfera
Já nada mais concebe ainda da ternura
Somente o que viria em tons de uma amargura

A luta propicia ainda o que se espreita
E noutro bote enquanto além desta maleita
A ronda da saudade esbarra no meu cais,

Depositando dor imersa em vendavais
A mais do que me custa o medo em tal promessa
Arremessado ao vil sangria recomeça.


As selvas onde adentro em plena noite vaga
Encontram cada rastro e nisto não se apaga
Sinais desta existência imersa em sordidez
E o tanto quanto quis a vida já desfez,

Marcando com terror a imensa e dura plaga
O manto sem proveito a morte dita a paga
E o mergulhar no sonho, ainda em altivez
Encontra novamente o quanto ora não vês,

E bebo sem sentido o vago caminhar
E nada do que pude ainda ao me entregar
Invade outro cenário, e deixa para trás

O olhar ensimesmado aonde o que se traz
Impediria um passo envolto em tal mistério,
Minha alma empedernida, expressa o vão minério.


Extraviado passo envolto noutra queda
Aonde o que se busca enfrenta onde envereda
A luta em acidez ou mesmo sem saber
O quanto do meu mundo ainda faz sofrer,

Nascendo entre o vazio e a sombra que me seda
O preço a se pagar moeda por moeda
Moenda da saudade infausta a percorrer
Jogada sobre o vago incêndio deste ser.

Crivasse em bala e fúria a luta sem sentido,
E quando no final, apenas eu me olvido
Do pouco que me deste ou mesmo sonegaste

A sorte se entranhando em todo vil desgaste
Já não me caberia ou tanto quanto quis
Deixando esta saudade, apenas cicatriz.


4

Dizer qual o sentido e crer noutro momento
Ainda que decerto o pouco que ora invento
Encontra ressonância em nada após o medo,
E sinto muito além do quanto ora concedo,

Bebendo cada gota imensa deste vento,
O nada se transforma e cessa este lamento.
A vida noutro parto impede o velho enredo,
E quando esta alegria encontra o seu segredo,

Enfrentaria a sorte e nada mais pudesse,
Senão minha saudade e nela cada prece
Vergasta ou mesmo açoite adentra em minha pele,

Falar do que eu vivi, enfrentando o que sou,
Talvez juntar um pouco e ver onde restou
Apenas o tormento enquanto o sonho impele.


5


Numa áspera loucura o fim já se anuncia
E sei da minha sorte embora mais sombria,
Galgando o que talvez ainda reste em mim,
Prenunciando aqui a solidão do fim.

O mundo se traduz e sei que dia a dia
Adia o que me resta em luta ou fantasia,
A morte aproximando o mundo do jardim
No chafariz do sonho, a sorte em tal motim

Expressaria a cena e nela o que resulta
Invade o caminhar e como fosse multa
Remonta ao meu passado envolto em tédio e treva

E se julguei feliz, a vida agora neva
E vibro noutro prazo embora o que me reste
Ainda seja o fim audaz do sonho agreste.


6


Ao pensamento resta apenas desamparo
E o tanto que desejo e mesmo me preparo
Anseia a nova senda e nada mais virá
Sabendo da esperança e nela se trará

O quanto da alegria expressa em sonho e faro
O mundo sem sentido ou mesmo mais amaro,
Bebendo a minha luta ainda e desde já
O quadro resumido aonde se verá

Resquícios de uma vida emaranhados passos
E dias sem proveito ou sonhos mais escassos,
Aprendo com a faca em volta do pescoço,

Embora isto não cause ainda um alvoroço
Tropeço após e a queda incorre noutro engano,
E a morte se desenha além do próprio dano.


7


Uma amargura imensa em noite mais atroz
O que inda me restara expressa a velha voz
De quem se fez além aonde nada havia
Bebendo com ternura a sombra em agonia,

Esqueço o que talvez entranhe logo após
Vivendo sem sentido o quanto vibra em nós
Ousando muito mais do que não poderia
Tentar acreditar nos ermos, fantasia,

E sei da peça exposta em atos e promessas
E quando penso em fim, apenas recomeças
Sem prazo e sem vontade apenas por tentar

Vestir o que mascara a sorte sem lugar,
E nada mais se vendo além do fim do jogo
Adianta saber? Nem mesmo em paz ou fogo.

8


Aonde me encontrei o quanto se presume
Enfrenta muito mais do que mero costume,
A sombra do meu medo, a solidão no fim,
Armando sem sentido espreita contra mim.

O verbo se apresenta e vejo sem tal lume
Medonhamente o quanto ao fim já se resume,
No pendular cenário iniciando assim
O vértice do sonho e o perigeu não clean,

Escarpas são comuns e delas sem apoio
Apenas nova queda e nisto sigo o joio,
Comboios da saudade ou mesmo da ilusão,

E o vórtice domina o quanto da amplidão
Pusesse em cada olhar imensamente em paz,
Ainda o que me sobra a vida já não traz...


9

Preâmbulos da vida envolta em treva e medo,
Do sonho que eu mantive; apenas arremedo,
O canto sem proveito a sorte destempera
A luta sem saber final de prima esfera

Vencido pelo tanto aonde mal concedo
Um passo contra a fúria o olhar nega o segredo,
E vendo o quanto pude ou mesmo não me espera,
Um tanto sendo rude, a mão se degenera.

Um brinde; tento ainda e sei que esta cadeira
Usada como apoio, expressa a mais inteira
Vontade de lutar, enquanto não teria

Sequer o quanto possa a vida em sincronia,
Jamais imaginei e sinto sem saber
Blindado caminheiro envolto em desprazer.

10


Entrando nesta entranha aonde a fera espreita
E bebo cada gole, enquanto a vida aceita
Apenas o que veio ou mesmo até viria
Singrando este oceano imerso na utopia

De um tempo mais feliz, a luta não deleita
Quem tanto se perdera e sabe da desfeita
Um gole de café, um copo em agonia,
O risco de sonhar? Ainda sei que havia,

A manta mais puída e o vento sobre nós,
O canto sem destino e a solidão em voz
Somente transgredindo o todo sem promessa

A luta que se perde apenas recomeça
E volta ao quanto fora e nada me entregando,
O mundo sem saber aos poucos desabando...

11

Ao procurar ajuda em tantos portos vi
Apenas o vazio e nele desde aqui
Mentira corriqueira em mera enganação
Galgando do não ser em louca imensidão,

E desta forma sinto o quanto em vão perdi,
O tempo uma esperança o mundo consumi,
E um gole de aguardente em forma de emoção
Apenas alimenta a rústica ilusão.

Um cavaleiro andante ou mesmo algum palhaço
E o vento determina a vida em tom devasso,
Abraço o meu anseio e sei do quanto pude

Tentar acreditar em viva plenitude
Marcada pelo vago e nisto se presume
O tanto quanto possa ausência de perfume.

O vento noutro prazo o canto sem sentido,
Apresentando a mim o fim que dilapido,
E sei da minha história e basta acreditar?
O mundo não pudera e sem qualquer lugar

Aonde se transforme o tempo já perdido,
O verso sem proveito, o marco revolvido,
Abandonando o todo eu pude desenhar
Ainda o que viria e nada mais falar

Somente a mente ronda e bebe outra sarjeta
O tanto que se quer e nisto se cometa
Engano corriqueiro e sei proposital

Dos anjos, teu inferno é quase capital
E navegando em torno ainda da palavra
A dor se faz enxada a morte é minha lavra.

13

O bem querer é belo e nada mais se visse
Senão tanta mentira envolta na tolice
E crendo alguma vez no quanto determina
A senda mais vazia e nela a dor é mina

O corte na raiz, o canto em vil crendice
Repete em desengano o sonho em tal mesmice,
Ouvir a voz de quem ainda se fascina
Buscando em pleno lodo a sorte cristalina,

Risível idiota ou mero e vil canalha,
A senda que promete aos poucos é navalha
E traz em tal degredo a farsa mais audaz,

E nela o que inda resta aos poucos se desfaz
A queda se aproxima e traz ao fim de tudo
O verbo sem futuro, e nele desiludo.


Chegando ao tal sopé das ânsias dolorosas
Ainda que buscasse imensas, claras rosas
Encontro tão somente o fim e nada vendo
Somente o mesmo passo espúrio enquanto horrendo

As horas são iguais e sei quão caprichosas
As sendas que pensei talvez maravilhosas,
O mesmo olhar vazio enfrenta este remendo
E nada mais se visse ou mesmo me retendo

Tecendo o quanto tenho em lodo e em dor sutil,
O vago caminhar aonde o que se viu
Expressa o fim do jogo e nada mais teria

Senão a mesma voz, imensa hipocrisia.
O Deus que tu me deste há tanto não se vira,
A voz de uma ilusão, somente outra mentira.


15

Planície terminando em árido cenário
O vento que ajudara agora temerário
Ainda se alimenta em tons duros, ferozes,
E quanto mais pudesse envolto em tais algozes

O marco da existência eu sei desnecessário
O tom da persistência embora seja vário
Encontra cada engano e sinto novas fozes
E nelas outros nãos em tons duros atrozes.

E delicadamente a morte não traria
Somente o que se vendo em farta teimosia
Empreende outro momento em dor e lacrimejo

O tanto quanto possa enfrenta o que desejo
Matando pouco a pouco o quanto me restasse,
Deixando como herança apenas cada impasse.


O sentimento seda e nada mais vertendo
Senão a minha luta e nela o tom horrendo
Reparo cada espera e não pudesse ainda
Vencer a sensação que enquanto não se finda

Invade o pensamento e sei cada remendo
No prazo quanto pude e vindo me perdendo
Jamais o tempo exprime a nova sensação

De um mundo mais suave e sei que não verão
Sequer as sombras disto ou mesmo algum rumor
Deixando para trás as traças de um amor.


17


Os raios que talvez inda recubram sonho
Encontram noutra tez o quanto decomponho
E bebo neste infausto a leda tempestade
Restando o quanto pude invés da claridade

Vestir outro momento embora mais bisonho,
Restando dentro da alma a lama onde me ponho,
E nada se teria além do que degrade,
Aprendo com teu Deus e busco na cidade

Um cais que nunca veio ou mesmo inda viria
Bastando ao sonhador a luta em poesia,
A fonte já se seca e o quanto fui feliz

Não deixa que se veja ainda por um triz
Senão a mesma face atroz e macilenta
De quem sem ter saída em nada o cais inventa.


Caminho divergente aonde possa ver
Apenas sem ter pena o nosso amanhecer
Enfrento o que me resta e bebo do vazio
E sei quanto no fim, o tempo desafio.

Mas tanto quanto outrora ainda posso crer
Na morte sem destino em ledo desprazer,
E brindo com o canto o tempo mais sombrio
Perdendo da ilusão, ainda cada fio.

E canto sem sentido ou verso sobre o nada
Ainda se pudesse. A luta desenhada,
Vestindo esta ilusão de quem se fez passado,

Jamais pude viver e sigo sempre ao lado,
Não sei se fui feliz, e creio até que sim,
Mas isso pouco importa apenas bebo o fim.


19


O medo se apresenta e traz a quem lutara
A mesma sensação da vida que foi clara
E agora no final já nada mais se creia
Somente o quanto possa e sigo em voz alheia.

O tanto quanto quis deveras me alijara
Do tempo em consonância e mesmo a voz amara
A lua da esperança; um dia quase cheia
Embora morta e turva ao fim já me rodeia

Marcando com ternura ou mesmo com terror
Evade do passado e gera em desamor
Apenas o que reste ou tanto poderia,

Não tendo outro caminho a luta sendo fria
A boca escancarada encontra o que não quis,
E mesmo de tal forma eu tento ser feliz.


Angustiadamente o fim já se apresenta
E sendo de tal forma a sorte uma tormenta,
Não posso acreditar nos ermos da ilusão,
Negando desde agora a voz de uma estação

E nela o que se vê ainda em tez sangrenta
Aos poucos me domina e nada me apascenta
Somente o verso cru, e dele outros virão,
Um copo de aguardente a clara solução?

Enfrento cada espelho e tramo outro cenário,
Ainda que me veja um ser mais solitário
Naufrágio costumeiro e sem ter praia, areia

Apenas a mortalha ainda o que rodeia
E visto esta verdade embora dolorosa,
E o mundo que me cerca? Estrada pedregosa.



Um corpo fatigado, uma alma sem saída
E neste desenhar a luta pela vida
Expressa o que talvez ainda não viesse
Ou mesmo se inda tenha e sendo o que oferece

Gerando o caos aonde a sorte consumida
Encontra finalmente após qualquer saída
A trama onde o fim expressaria a messe
E nada mais se tendo aquém de rumo e prece

Vestindo esta ilusão e nela se perdendo
O vago caminhar envolto em ar horrendo
Reparo cada sorte e quanto mais tentasse

O fim anunciado ou quando confortasse
Apresentando o ledo em medo enredo e caos
Somando dias tais e neles vis degraus.

Encarno o que já fui e não desejo mais,
Esboço do cerzir em velhos vendavais
Avais de vidas tais e sem outros caminhos
Os dias são decerto um tanto quão sozinhos

E navegar sem rumo, apresentando o cais
E nele o que se tenta em dias desiguais
Exprimirá talvez o quanto em velhos ninhos
Encontrarei após anseios tão daninhos.

Resplandecente sol; jamais o conheci
O tanto que inda trago apresentando aqui
Explode em tom grisalho ou mesmo em turbulenta

Vontade que não rege e quando me atormenta
Ainda não teria o prazo redentor,
Matando em nascedouro o sonho encantador.


22

Seguindo em charcos, queda a luta não termina
E bebe sem sentido o tanto que fascina
E resta dentro da alma a calma o trauma e o fim,
No prazo derrotando o todo vivo em mim,

A sorte mais sutil e creio ser ladina
Ainda que pudesse; em voz mais cristalina
Negando o quanto é rude as cenas do jardim,
Resgata tal perfume e mata o meu jasmim,

A sordidez do sonho, a voz incauta e rude
Amei e na verdade além do quanto eu pude
Vestindo o quanto é roto o rumo sem proveito,

E nada do que tenho ainda mesmo aceito,
Escalo a cordilheira abandonada em sonho
E o prazo sem sentido aos poucos decomponho.

Falar da minha vida? A quem isto interessa?
A luta determina o quanto segue em pressa
E nada do que possa ainda acreditar
Encontrará em voz a luz que ao se mostrar

Invade este cenário e trama nova peça
A sordidez do fato, aos poucos recomeça
E bebo mais um pouco até já me fartar
Da luta sem proveito ou mesmo deste mar.

Aonde imensamente o tempo não viera
Sentir qualquer anseio e morta a velha esfera,
Da ansiedade exposta ao fim do meu caminho,

A boca da esperança expressa um doce vinho,
Apenas o que sinto embrenha nova senda
E nada se apresenta e nada se desvenda.

24

Há restos do que fui; em todos os vazios
Na imensidão do nada à beira destes rios,
E o canto sem sentido, a velha discordância
A luta sem proveito a morte em ressonância,

O manto onde pudera em tons bem mais sombrios
Vencer este caminho em ledos desafios,
Agora no final apenas militância
Do tanto que se busca a cada nova estância,

Reparo cada engano e vejo o que se creia
Restando dentro da alma a luta onde esta alheia
Vontade não presume o quanto inda viria

Tentando acreditar ainda em poesia,
Não quero e não permito o sonho mais sutil,
E o todo noutro rumo aos poucos ninguém viu.

Resgates de uma vida? Ainda se pudesse
Vencer o quanto trago e ter o que se esquece
Após cada mentira ou mesmo sortilégio,
A vida talvez seja ainda um privilégio,

O tempo sem proveito, a luta sem quermesse
O vento que rondando ainda o fim que tece
Desde os meus mais sutis momentos de colégio
O marco sem proveito, o corte em tom mais régio

Castrando cada sonho enquanto quis um passo
Apontando o caminho e nada do que faço
Envolto nesta sombra ou mesmo no vazio

Enfrentará talvez o quanto desafio,
E bebo noutro copo a luta sem sentido,
Embriagadamente o risco é dolorido.

26

Na prática a verdade expressará o quanto
Ainda que se tente encontrará no canto
Jogado sobre o solo a vida sem caminho,
E vivo o meu anseio e sei que vou sozinho,

O marco se desnuda e quando me quebranto
Enfrentarei o fim e nisto o desencanto
A sordidez da luta em verso mais mesquinho,
O prazo se encerrando, a morte em raro vinho.

E presumindo a cena; envolto em brumas, tento
Viver o que me resta e mesmo desatento
Encontrarei quem sabe a mansidão da morte,

E tresloucadamente, o quanto me conforte.
Esbarro neste engano e tento acreditar
No canto sem sentido ou mesmo sem lugar.


Quisera na verdade ainda ter a luz
E nada do que possa em luta me conduz
Ao se expressar no vago anseio sem limite
O tempo se desenha e nada mais permite

Viver o quanto tenho e nisto reproduz
A voz do que se vendo impede em contraluz
Restando muito pouco ou mesmo necessite
Do quanto se presume e nada se acredite,

Em tons duros prossigo e volto ao que se quis
Essencialmente eu tento e sei se fui feliz
Apenas um momento e nada mais após

O sonho se apresenta e sei que neste algoz
Verdugo da ilusão a luta determina
A mão que me tortura a voz quase assassina.



28


Aonde se fez grata a vida não presume
Sequer qualquer caminho e sigo em vago lume
Tentando acreditar no quanto não viera
Apresentando ao fim a imensa e vã quimera,

O tanto quanto sou agora em pleno cume
Encontra o que tentara em lúbrico queixume,
Não pude mais saber a sorte noutra esfera
E o corte se anuncia e nada mais se espera

Somente a mão ferrenha e nela o que se vê
Impede o dia a dia e nega algum por que
Sentindo esta esperança aos poucos noutro rumo,

O quanto fui e sou, enquanto aquém me esfumo
Invade o meu caminho e mata o quanto resta
Deixando sem sentido algum a leda festa.


29


Nesta mortal certeza apenas nova luta
E a força desenhada ainda se reluta
E tenta acreditar noutro caminho em paz
Embora a vida seja apenas mais mordaz,

Desmascarando o sonho, a morte mais astuta
E nada do que possa embora em força bruta
Cerzisse com certeza o quanto não me traz,
E deixa sem sentido o mundo para trás

Reparo cada engano e bebo esta presença
Do quanto nada vejo e sei do que convença
Jargões já sem valia a vida não presume

E tanto quanto possa ainda sem perfume,
Alvissareiro sonho envolto nas mentiras
Enquanto o que inda resta aos poucos tu retiras.


30

Talvez o ócio permita ainda se pensar
No quanto poderia e não quero lutar,
Mas nada do que reste expressará o sonho
E mesmo sem sentido aos poucos não componho

O vento na janela o tempo a divagar,
O mundo não retém e sigo sem lugar,
O quanto escreveria eu sei ser enfadonho,
A noite que se envolve em ar duro e bisonho,

Mereço qualquer chance? Ainda sei que não,
A morte sem sentido, o mundo? Imprevisão
E o ledo caminhar em noite mais escura,

A sorte sem proveito o fim em amargura,
Já não mereceria o tanto que mais quis,
E sei que no final, jamais serei feliz.



SEGUNDA PARTE


31

Durante a juventude eu quis acreditar
No tempo após o tempo aonde pude amar
E ver que na verdade o tanto se desnuda
Em face mais atroz mesmo pontiaguda,

E o canto sem valia a noite sem luar
O medo do que possa a vida sem lugar,
A rústica presença aonde se transmuda
O verso apodrecido a voz agora muda…

E nada do que eu tente ainda se aproveita
A manta já puída a sorte ora desfeita
A solidão em vida e o caos dentro do peito,

O que fazer? Seguir. Embora não aceito,
Rasgando o que me reste em tons diversos grises
Somando tão somente os erros e deslizes.

Silenciosamente a casa continua
E o mundo fervilhando espúrio toma a rua,
No canto aonde ecoa a voz deste imbecil,
Amortalhando o quanto ainda resta e viu

A sombra do passado enquanto se cultua
Nascendo mais um pouco a morte nua e crua,
O prazo determina o fim e mesmo vil
O tanto que se prende em ar turvo e sutil,

Já não me caberia apenas ver em frente
O quanto se desenha e nada mais desmente.
Um erro contumaz, o amor ou mesmo o sonho,

E nisto o que inda tente aos poucos decomponho
Anunciado ocaso e nada mais faria
Não fosse este egoísmo em turva poesia.


Separo-me de mim e tento novo passo,
O vento que me ronda, e nele o quanto traço
Esbarra nesta imunda e podre sensação
Do mundo sem proveito e sem a dimensão

Exata do que fora ou tanto quanto escasso,
Esvai cada momento e nele nada faço
Não fosse o verso assim, ainda em turbilhão,
A morte há tanto tempo em fosca solidão.

Reparo cada esgoto aonde penetrara
E navegando audaz, esbarro em noite amara
E versejando enquanto a morte inda não vem,

Apresentando o nada e nisto outro desdém,
Ameno caminhar ou mesmo sem presença
Do quanto se quisera e nada me convença.


34

Lugares onde estive, em sonho e fantasia,
Amenizando a queda e nada mais teria
Senão mesma moeda em juros ágio e medo
E tanto quanto possa ao fim nada concedo,

Encaro sem sentido o verso sem valia
E bebo em farto gole a velha hipocrisia,
Mortalha que trouxeste envolta em tal degredo
O mundo não teria ainda um novo enredo,

E quanto mais eu fujo esbarro nos enganos
E sei que no final de tantos ledos planos
Os danos que acumulo o corte que aprofunda

A dor não determina a face quase imunda
E tresloucadamente a mente não refaz
Bebendo do que possa em tom atroz, mordaz.

E sei do meu destino abandonado e sem
Saber do quanto reste e nada mais convém
Ao velho sonhador exposto em macilento
Caminho sem sentido enquanto a paz eu tento.

Mergulho neste mar e sigo sem ninguém
Amante do vazio e sei quanto desdém
A luta traz no olhar o tom rude e sangrento
Macabra noite em vão meu canto desatento.

E o medo do que venha e nada mais teria,
Senão engodo e farsa invés de poesia.
A marca da pantera, as garras dentro da alma,

Lavar as minhas mãos, decerto não me acalma,
E brindo com meu nada a ausência de resposta
Um tempo sem caminho, a sorte decomposta.


36

Lugares onde o tempo ainda diz do não
E sigo sem sentido a velha solidão
Enquanto cada engano exprima o já não ser,
O manto ora puído enfrenta o desprazer,

Encontro finalmente a rude dimensão
Em ledo caminhar e neles se verão
Apenas o que tento e sinto esvaecer
Marcando com terror o quanto pude crer,

Já não me caberia um novo tom e voz,
Apresentar o fim e crer que logo após
O nada se desenhe e mostre em tal cenário

Meu palco noutro rumo um tanto incendiário
Corsário do vazio e mesmo sem progresso,
O quanto se perdera a ti ora confesso.


Satisfazer somente o sonho e prosseguir
Inutilmente vejo a vida sem porvir
Ocasionando a queda e nada mais teria
Quem tanto se presume em tons de fantasia.

O passo sem proveito o mundo a resumir
A luta que se quer sequer possa exibir
Ainda quando muito encontro esta sangria
A velha prostituta a noite mais sombria,

E o prazo terminando enfim nada verei
E sinto que em verdade a dor domina a grei,
E solitariamente a voz ninguém escuta,

A mão que acarinhasse agora sei tão bruta
O marco desejado, o tempo já puíra
Amor que tanto o quero; apenas vil mentira.


38

Buscasse imenso mar envolto em sol e luz,
Mas quanto mais anseio apenas vejo o pus
E bebo em dor e tédio o vento sem razão
No canto sem promessa a velha solidão,

O mundo sem limite aonde o que compus
Resume na verdade o tanto quanto opus
E preso sem talvez ainda ter perdão
Escuto sem sentido a voz do coração.

Navego em tenebroso anseio sem promessa
E o quanto deste mundo em nada recomeça
E brindo com meu sangue a podridão desta alma

E nada do que possa ainda vem e acalma,
Apenas o vazio e nele mergulhando
O tanto se desdenha em tom amargo infando.


O mundo não presume alguma sorte após
A queda deste império e dele morto em nós
Somente esta sombria e louca transparência
Aonde se deseja a vida em aparência

Diversa da que trago em alma mais feroz
O rumo se desvenda e sei que noutra foz
O vento sem valia a luta sem decência
A morte como fosse apenas coincidência

Abraço o que me reste e vejo sem engano
O tanto quanto possa e sei que enfim me dano,
No plano em desventura ou mesmo sem igual,

Vestindo hipocrisia em ledo ritual
O marco sem segredo e a morte desvirtua
Jogando o quanto resta exposto em plena rua.


40


De uma esperança nova, ao quanto nada valho
O mundo se anuncia e sei do todo falho
Brasões em tola face esbarram nas vielas
E sinto sem segredo o vão que me revelas,

Da fronde o que se vê não trama novo galho,
A morte traz talvez algum penduricalho
O barco se perdendo em rotas vagas velas
As tramas que busquei jamais em sonhos selas,

E o prazo determina o fim de cada jogo
Incendiando a sorte imensidão do fogo
Um vago caminheiro em busca de algum porto

No mar da solidão, não possa acreditar
Ainda que se veja enfim qualquer lugar
Estando desde agora apenas semimorto.

41

Durante a vida em tese apenas sem limites
Procuro ainda ver e mesmo que acredites
Noutros momentos vãos em fúteis caminhadas
Deixando sem sentido as farpas e escaladas,

Ousando acreditar além do que permites
Esboço noutro verso os tempos em que evites
As sombras do passado ou vozes perfiladas
Mercantilizas sonho e vendes tais estradas

Escassamente a luta ainda não viera
Medonhamente eu vejo a sombra da pantera
E nela o que ressalto encontro o medo e afins,

Depositando o medo e nisto meus jardins
Encontrariam tédio e nada mais se visse
Senão a farsa feita em volta da crendice.


Soubesse mesmo se o vento que nos derruba
Refaça com certeza ainda em velha cuba
A mão que busca além em forças e cadinhos
Vencer o sortilégio em dias mais daninhos,

O tanto quanto possa expresse a força em juba
O manto destroçado o chão já não se aduba
E o peso desta vida envolta nos espinhos,
Pousando no infinito os mansos passarinhos.

Porém o que me resta apenas rapineiras
E as horas sem sentido e nelas o que queiras
Um antro de loucura enfado ou mesmo atroz

Cenário aonde eu pude em expressão após
Cercando com a rede envolta no passado,
Viver o que talvez ainda tenha ao lado...


43

Mortificar o quanto em pranto não viera
O tanto se presume e bebe desta espera
Negociando a vida em raro tom venal,
O mundo se desnuda e trago em ledo astral

A face mais atroz feroz desta quimera
E nasço do que fui e sei que nesta esfera
Engano se desenha em tom consensual
Ou mesmo se presume o risco desigual.

Espírito diverso em verso em aversão
Aprendo do que possa em nova diversão
Versões e nelas vêm os erros costumeiros

Traçando sem ter nexo os meus velhos canteiros
Somar e dividir onde multiplicasse
Ascendo ao quanto quis e tento além do impasse.


Soubesse ainda quando houvesse outra certeza
E sinto que se expondo a vida sobre a mesa
As cartas deste jogo, em viciada fonte
Deparam com o mundo e nele o que se aponte

Enfrenta sem talvez ainda em vã firmeza
Um átimo ou quem sabe em nova correnteza
A pressa se desenha e toma este horizonte
Cadenciando o passo além de qualquer ponte,

Não tento acreditar no quadro que desnudas
As faces mais sutis, e as armas mais agudas
As noites de verão, as tramas infernais,

As horas gelidez em dias invernais
E nada se apresenta após o quanto quis
Somente vejo na alma a imensa cicatriz.


45

Dos erros juvenis apenas o que trago
Expressa o que não quis e sei do velho afago
Blindasse esta esperança em tom suave e claro,
Mas quando outro caminho; ainda o despreparo

Estimulando a queda após o fim divago
E tanto quanto vejo o mundo em mesmo estrago
Representando a luta e nisto onde me amparo
Enfrentaria o frio e sigo e nem reparo.

Elevo o meu olhar além de tal montanha
A cordilheira traz a vida sem barganha
E o nada se apresenta aonde o todo fora,

Imagem mais sutil desta alma sonhadora,
Marcada pelo caos; e nele, novo engodo
Aonde quis o passo enfrento lama e lodo.


Somando cada estorvo apenas vejo o fim
E sei do quanto possa em tétrico jardim
Medonhamente expondo a minha plenitude
Ainda que talvez o tempo já se mude,

O manto se transforma e bebo deste gim
Negando sem saber o quanto resta em mim,
Somando o que viera e nada mais ilude
Quem sabe o dia a dia infausto e mesmo rude,

No prazo onde se dá verdade mais audaz,
Aurífera esperança a vida sempre traz,
Porém nova ilusão e dela o que se vê

Não mostra a dimensão da sorte em seu por que
E o cálice quebrado, o vinho derramado,
A luta noutro canto, o todo desmembrado.


47


Neste inconstante passo, o prazo determina
O fim de cada sonho e sei quanto é ladina
A luta sem sentido ou mesmo sem proveito
E sinto que em verdade o fim eu sempre aceito,

A noite que pensara ainda cristalina
Desenha o quanto pude e tudo me extermina
Dissimuladamente o pouco dita o pleito
E nada do que veja expressa algum direito.

No cântico suave uma ave não alcança
Sequer o que pudesse ou mesmo uma esperança
Encantadoramente a noite em estrelar

Desenho poderia ao menos nos traçar
Um tempo mais bonito e sei do quanto é falso
E após este cenário encontro o cadafalso.

Cumprindo o meu dever ou mesmo até tentando
Depois de um descaminho um dia bem mais brando,
Apresentar a cena e crer noutro sentido
Do mundo tanta vez inútil, resumido,

E vejo o palco da alma aos poucos desabando
O marco noutro engano em noite se tomando,
Escassamente tento e nisto o que lapido
Envolve sem segredo o canto presumido.

Encontrei decerto o ponto onde pudera
Ainda sem sentido em voz e luz sincera
Desvendar o que trago em tom sutil e claro,

E brindo com meu sonho aonde o que preparo
Expressará sem rumo o medo em desvario,
E nada do que possa, amigos, desafio.

49

Amante do que tanto um dia imaginei
Bebendo com fartura o vinho que sonhei,
Agora abandonado em bares infelizes,
O quanto do que tento ainda contradizes,

Não posso te dizer desejara ser rei?
O tanto que em verdade apenas desenhei
Enfrentará decerto o tanto dos deslizes
Vencendo no final imensidão em crises.

A idade não permite um gole de esperança
O mar que não vesti, a sorte não me alcança
E o canto sem proveito, o karma que desnudo

O tempo noutro passo em tom atroz e agudo
As fugas sem sentido e o manto se puíra,
Amor que desejei, apenas vã mentira.

50

Fingindo algum lugar aonde possa ter
Semente desenhada no solo do prazer,
Dos grãos que no final ainda não cevaste
Apesar do vazio apresento o desgaste,

E quando no final envolto em teu querer
O caso sem sentido o mundo passo a ver,
E sei do que talvez amiga sonegaste,
Narcísica vontade e nela mal notaste,

O velho inebriado, o fim em solidão,
As armas que guardada em vão neste porão
E o peso de uma vida há tanto abandonada

Jorrando sem sentido a cada encruzilhada
O tempo noutro caos, arcando com o engano,
E sei que no final, apenas eu me dano.


Distribuindo o sonho a mocidade tenta
Com toda esta incerteza ainda em vã tormenta
Singrar onde talvez a sorte não veria
E crer na procissão em plena fantasia,

Depois quando desnuda em cena mais atenta
Explode em tom sutil e morta se apascenta,
Contendo no final a redenção/sangria
E possa acalentar apenas velho dia.

Infortunadamente o quanto disto sobra
Em alma sem limite ainda não desdobra
O fim e impaciente aguardo algum relance

E nada do que possa apenas não se alcance
Restrita sensação de mundos sem proveito,
Porém sem mais limite além do sonho eu deito.


Quisera ser talvez apenas mansa fonte
Da vida sem tormento e nisto o que desponte
Exprime o meu cenário em tom diverso e rude,
No caos já desenhado aonde o nada pude

E merecendo enfim o quanto não aponte
Blindagem que se busca apaga este horizonte,
E quando se amortalha a sorte em juventude,
O verso sem caminho apenas desilude.

Meu mundo de tal forma eu pude conceber
E nisto o que talvez expresse algum prazer
Já não mais se desenha além da tempestade,

O vento sem caminho e nisto se degrade
O prazo sem promessa a fonte inesgotável
E nada do que trace expresse um mundo arável.


53


Ocasionando a queda envolta no vazio
Eu tento acreditar e mesmo desafio,
Em tom aonde a vida envolve e já discorde
O tempo se perdendo em rude e ledo acorde

No pranto derramado o tempo em duro estio
O canto sem sentido o mundo em desvario,
E nada do que possa a vida ora recorde
E tento imaginar ainda que me aborde

O fim sem previsão da noite sem sentido
E vejo o quanto quero e mesmo dilapido
O marco mais atroz em discordante passo,

E nisto o que se vê ainda já desfaço
O vento se aproxima e trama novo rumo,
E quando me concebo aquém do mar me esfumo.


Não tente imaginar a vida onde talvez
O que me restaria invade a sensatez
E nada além naufrágio ou mesmo em discordância
Tramasse sem sentido o peso em tal estância

Vergando sob a força espúria aonde crês
No tanto que perdi e nada mais se fez
A vida em avidez presume militância,
Porém o quanto resta expressa noutra instância

A velha previsão da perda desta luta,
E mesmo quando a gente impávido reluta
O canto não ecoa e a força não se faz

Deixando o dia a dia e tudo para trás
Ocasionando a queda envolto no não ter
Restando muito pouco, esqueço amanhecer.


55

O vértice da vida aponta para o nada
E o preço a se pagar, a face degradada
A miserável marca envolta em noite escura
A manta que regride a força em amargura

Abismos sob os pés, a queda anunciada
A noite há tanto tempo ausência de uma estrada
A marca sem sentido, a falta de ternura
E tanto quanto eu quis a vida só tortura,

Não tento caminhar e sei que assim parado
O tempo noutro ocaso apenas já degrado
E lanço a minha voz inválida promessa

E tanto quanto eu pude a sorte ali tropeça
Arisco sonho da alma em caos ou mesmo medo
E brindo com meu fim aonde o vão concedo.


56

Um antro sem valia, a súcia da esperança
Espalha na horda espúria a voz que não alcança
Sequer o que pudesse ainda presumir
A vida na verdade esquece o que há de vir

E quando desejara apenas outra, mansa
A marca se desnuda e veste esta lembrança
O medo sem caminho e nada a se sentir
Somente o que talvez impeça de existir

Uma alegria ou mesmo alguma luz após,
Depositando o sonho em turva e suja foz,
Na poluída noite estrelas que não vejo,

A sorte desenhada em ledo e vão desejo
O mundo sem sentir o quanto se anuncia
Impede o que se creia apenas noutro dia...


Um velho sem caminho, um medo toma o sonho
E bebo do que possa e nisto decomponho
A senda predileta em luz adormecida
Ainda resumindo o pouco em minha vida,

E nisto o meu retrato expressa o tom medonho
Aonde poderia e mesmo se risonho
Jogado sobre o nada a sorte envilecida,
Se um dia fui poeta, a noite me invalida

E vindo do passado o som da tua voz
Não deixa que se veja amada nada após.
A roupa ora puída a luta sem sentido,

O vento como abrigo, o manto apodrecido,
E as tramas do que fui um velho vagabundo
Aonde nada resta ali eu me aprofundo.


58

Um andarilho segue e sem algum descanso
Aonde fora a morte, ali vira remanso
E bêbado talvez ainda tento a sorte
Embora na verdade o fim ora conforte,

E tresloucadamente estúpido, ora danço
E beijo a luz da lua, e nada mais alcanço,
Somente a desventura e nela fiz meu norte
A vida sonegara o brilho como aporte,

Resgato em verso e sonho o pouco que inda tenho,
E tanto quanto pude; agora em ledo empenho
Esgoto num esgoto o todo que inda sobra

A vida se desnuda e sei que em cada dobra
Não tendo mais saída acendo esta fogueira
Marcando com a dor aonde a luz se esgueira.


Não posso acreditar ainda na esperança
E o tempo sem sentido o quanto inda me alcança
Não tento novo rumo e sei do que me resta
A luta sem proveito em noite mais funesta

Apresentando o corte e nele o que se avança
Exprime no final a ponta desta lança
Sangria se traduz amigo em cada fresta
E tanto imaginara a vida em luz e festa...

A imensa cicatriz exposta no meu rosto
O olhar já sem o brilho de quem se quis exposto
Aos ventos entre os quais pudesse ter em mente

O quanto se aprendera e nada se apresente
Somente o mesmo engano em tom rude e fatal
A pútrida verdade e nela a pá de cal…


Termino de tal forma a leda exposição
Do que jamais se fez além da solidão
Um eremita? Engano, eu sei que na verdade
A cada passo em falso a vida mais degrade,

E visto de tal forma o mundo em seu senão
Enfrenta sem sentido a fúria do vulcão
Deixando sempre ao léu a tola mocidade,
O tempo se fizera em vaga tempestade,

Valesse sempre a pena, o quanto a vida tenta
Moldar sem mais sentido além desta tormenta
O canto em discordância a voz sem mais sentido,

E quanto mais eu busco em vão me dilapido,
E o que me resta agora, a noite já desfralda
Quasimodo morrendo em torno de Esmeralda...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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