Por mais que eu me deixe
Nunca vou deixar-te a ti
E o tempo se altera
Cai a chuva
Cai, cai e cai
Lava-me, nas ruas silvestres
Lava-me o cinzento
Que eu guardo, como negro céu...
Multidões, querem-me abraçar!
E eu sorrio,
Mas ninguém me vai amar
Onde estás tu?
Tu que disseste que vinhas agora
Mas não vens...
Não! Não quero mais ser eu
Não deixarei me tocarem
Larga-me multidão
Sai de ao pé de mim
Sai já daqui, agora
Por favor...
Prometo que não me vão apanhar
Vou fugir daqui
Não vão me perseguir
Pois eu não eu
Aqui!
Feras deambulantes
Ardentes ao gelo
Que me amarra nessa sede
De solidão maldita
Onde está o meu caixão de cristal?
Onde estás tu?
Que prometes-te dar-me cor
Onde estás tu agora?
De repente a chuva
Mas não me molha
A multidão se dispersa
Estou livre, por grito
E tu não apareces, porquê?
Onde estás tu agora?
Agora que não sou mais eu...
Abandonado, cai a chuva
Num mundo fechado, adeus
Eu não sou mais eu
Onde estás agora, amor?
Adeus? Será este o nosso adeus?
Agora que morro,
Agora só estou,
Não vens?
Já não sou mais eu
Sem ti...
Pedro Carregal