A mesma chuva que criava pequenos mares, para eu brincar em pequeno, Criava mundos de fantasia, o mesmo mundo tristemente sereno, feito de calma e água fria.
E eram pequenos meus barcos de papel, tão pequenos e frágeis, mas conseguiam também eles transportar O meu mundo inteiro de coisas admiráveis e carregadas de fantasia o mesmo mundo mágico que te mostrei junto com a minha vida, um mundo afundado nesse rio porque também ele ou terei sido eu, chegou a mar.
E correu assim, junto com a água suja da chuva e todos os meus barcos lindos de papel, minha infância também ela nessa mesma torrente de chuva perdida.
Agora que estão todos afundados, meus sonhos e meus pequenos barcos á chuva encharcados, regresso sozinho para casa, mas sem saber que em meu coração se começa a formar já uma ferida.
E mesmo que por entre a chuva eu oiça um enorme trovão, não me assusto com o seu barulho porque nada consegue ser mais duro que o eco que fez ao amar te o meu mudo coração.
Porque meu grito outrora de criança se tornou mais grave, a sua passagem para adulto lhe trouxe um pouco mais de charme, mas agora me tapam minha boca sem nenhuma possível razão.
Porque em pequeno na chuva a brincar, não havia tempo nem vontade para conjugar esse maldito verbo de amar, e agora um adulto já feito, tento o subjugar, um verbo num coração mais que desfeito.
Mas faltam me as palavras da paixão aquelas mesmas palavras que são ditas e escritas numa grande e enferma ilusão, palavras molhadas e levadas pelo vento, apagas todas elas das folhas de papel dos meus barcos, que tal como o meu coração agora, navegam sem qualquer fundamento, tal como navegou para chegar a mar o meu frio coração.