Talvez por estupidez
Ou talvez por desconforto
O tempo acabou de vez
E o amor já está morto
Jurei te calar
De me afastar de ti
Mas errei ao amar
Por gostar de ti
Talvez por indecisão
Ou talvez por avisos
Amavas com o coração
E laçavas em mim sorrisos
Mas agora passou por mim
Que foi só uma semana
Deus quis que fosse assim
Pois quem erra, também ama
Adeus às mais tristezas
Ao pedidos de morte
Às tuas incertezas
De não quereres mudar a sorte
Ai, maldição maldita
Que destino cruel
A minha sina já escrita
De sempre representar tal papel
Ó vidas, sumidas,
Voltem e me levem
Sarem lá as minhas feridas
E as dores que fervem
Ó vento, continua
Leva este sentimento
Esta verdade nua
Este meu tormento
Ó esperança calada
Volta lá a falar
Sei que isto não é nada
De amar e errar
Pobre sentimento solto
Que as areias me enterraram
E não sei se mais volto
Por aqueles que me amaram
As lágrimas recônditas
Ainda estão aqui!
As loucuras benditas
Ainda esperam por ti
Calai-vos, prantos sóbrios
O tempo empalideceu
Onde estão os brios
Do esperado Romeu?
O poeta morreu
Os seus versos também
O cardo não é mais meu
E a rosa já não é minha mãe
Reza, mar, ó mar reza!
Reza por mim, por favor
Este sentimento pesa
Na morte de um novo amor...
Essa sombra modesta
Da praia, de manhã
Dela, nada resta
Não surgirá amanhã
Se o silêncio e o desgosto
Me pudessem já matar
Mostravam o meu rosto
De quando te amo ao errar
Ó sentidos diversos
Acabem-me com as estrelas
Destruam os universos
Para não mais vê-las
Rasgo o meu coração
Quem me dera não o fazer
Morro por desilusão
De ter que te perder
A fortuna é tão pobre
Quando a gente não a tem
Mas é gesto tão nobre
Poder amar alguém
Porque é que esse alguém
Não chega?
Por mim, esse ninguém?
Essa esperança me cega
Ai onde está o céu?
Onde está a sua cor
Cubram-me já com esse véu
Na morte de um novo amor...
Pedro Carregal