Corvos buliçosos rasgam a pele
e a mortalha das presas
sem respostas às dúvidas
do ser e não ser.
Ciscam as condolências
em placas de prata,
sugam a essência das flores
abertas sobre as pedras.
Distante estou do olhar dos corvos.
Astutos, calculam tempos gozozos,
horas antes da ceia.
Às gargalhadas,
bebem os vinhos mais caros,
molham as bolachas secas
no café amargo.
Assustam as crianças chorosas;
são fantasmas vestidos de palhaços
no olhar dos vivos e mortos.
Ah, esses corvos indecentes!
Atrapalham a vida,
Desligam os faróis na passagem dos anjos,
apagam as cores, fecham as janelas,
espalham fezes no escuro das paisagens.
Poemas em ondas deslizam nas águas.