O meu passo é inconstante. Ora é rápido, ora é lento. Afasto-me das pessoas que vêm em direcção a mim. Pareço ser invisível, mas não sou. Vejo-me, apenas eu noto a minha presença.
Havia perante meus olhos
fumo, ruínas e gritos desafinados
pintados por vozes tão trémulas.
Havia a cidade e eu
e os outros
e nada.
O tudo à fome morreu
e a certeza foi quebrada
Mas o meu corpo não cedeu,
capa desta alma parada.
O nosso tormento veio mais cedo
e de deus não tiramos mais que medo…
o medo sempre vendeu tão bem!
Agora que por fim o tens,
tu não sabes com ele agir.
As tuas palavras,
o teu sim e o teu não,
são agora difíceis de ouvir
porque no fim essa boa razão
também ela vai subnutrir,
explodir como bomba sem rastilho.
Mas isso são coisas do mundo
e bem lá no fundo,
eu não tenho porque fingir.
Na mão eu tenho o milho
e no estômago a humanidade.
O meu pão que não partilho,
eu esmago no verso pútrido.
Afinal sou mais um filho:
sou feio, mau e estúpido…
sou um resto de verdade.