A história do beija-flor
Na tarde que se esconde,
Um beija-flor, enlouquecido,
Tenta roubar com beijos, desesperados,
Pólen, da borboleta de plástico,
Revestida de prata e ouro do sol.
Atenta, ao seu engano, procuro o atrair
Para pequena fonte açucarada e
Enfeitada de flores, que com carinho,
Depositei na grade da janela...
Perdido em sua cisma, ele se debate,
Como uma hélice desgovernada.
Sem saber como ajudá-lo,
Observo sua luta suicida,
Que me faz lembrar certas pessoas,
Que tendo muitas vezes o amor ao lado,
Busca o brilho de uma ilusão inútil...
Já é quase noite, o sol envia seu último raio,
Quando o beija-flor num vôo cansado,
Dá por encerrado sua luta.
Não sem remorsos, retiro a borboleta falsa,
Que decorava minha janela,
Sentindo-me responsável
Pela dor do beija-flor.
jacydenatal