DOMINGO
Hoje, ao amanhecer,
sentei-me na cama
e disse à minha mulher:
- Não ouvi os bentivís cantarem anunciando o amanhecer (?)
- Hoje é domingo, eles foram à missa
–respondeu-me...
Domingo é assim:
a quietude das ruas nos remete a um tempo
em que a chuva vinha mansinha
só para alegrar as flores
e perfumar a nossa alma
com o cheiro da terra molhada...
Vou transcrever a prosa de sábado:
PEQUENA CRÔNICA para O SÁBADO (1)
(Um poema imagético e a “fanopéia”)
“CORTARAM TRÊS ÁRVORES”,
um poema imagético de Garcia Lorca
de rara beleza que o poeta e comentarista
norte americano Ezra Pound declara,
servir de exemplo para o fanopéia,
Antes vamos ver o poeminha do Lorca:
CORTARAM TRÊS ÁRVORES
Eram três.
(veio o dia com os seus machados)
Eram duas
(asas rasteiras de prata)
Era uma só.
Era nenhuma
(ficou nua a água)
Quando pequenos versos são derramados na página branca, segundo o poeta norte-americano, às vezes, tem mais poesia do que os versos em si: isso chama-se fanopéia...
(No próximo sábado tem mais)