Quando ouço aquela música,
Aquela, que nomeamos como nossa canção,
Cujos acordes nos deixavam sempre mais acesos,
Cuja melodia nos fazia ainda mais cúmplices.
Quando ouço aquela música,
Inevitável que o coração se acenda,
Rebuscando lembranças em cada nota,
Revivendo imagens misturadas aos seus acordes.
Junto àquela música, vem teu cheiro,
Tenho a impressão nítida de sentir teu toque,
A hilária e triste certeza de ouvir teu riso,
Até as luzes e as cores daqueles tempos eu revejo.
Aquela música é muito mais que simples canção,
Reflete a lua pomposa, enamorada, enamorando,
Espelha as madrugadas ricas de carinho e afago,
Traduz todo prazer do ter e viver um grande amor.
Eta música danada, que afaga e afoga simultaneamente,
Que arranca risos e lágrimas das minhas entranhas,
Que destranca saudade branda e a melancolia sangrenta,
Que me faz fundir lembranças mil e quimeras adocicadas,
Em todas as repetidas notas e vezes que a ouço.