Ao entrar nesta casa
Sinto o peso das memórias
De gerações vividas
Com suas histórias
Que chegam até mim.
Quantos ascendentes
Nasceram e tiveram
Seu fim
Dentro destas paredes
Imaculadas
De branco caiadas?
Sinto os primeiros
Sons de vida,
O eco de risos
Infantis,
Misturados com sombras
Contorcidas
De dores senis.
Sinto a alegria
Dos bons momentos
E sinto a tristeza
Das despedidas
Quando eu
Não era nada
Nessas horas vividas.
Aqui estão segredos
Bem guardados
Pelos seus anfitriões
Que me são revelados
Por sinais
Intuitivos
Fazendo-me respeitar
Tradições
Que nada mais são
Que simples rituais
De dias que se repetem
Sempre iguais
Através das eras.
Tenho na minha mão
A chave desta casa.
Mas o que eu sinto
No meu coração
É que sou eu
Que lhe pertenço.
Minhas origens,
Minhas raízes,
Início de mim
Sem princípio
Nem fim.