Crónicas : 

Influências vitais I (Prosa da Vida)

 
 
Quando eu era pequena, ouvia minha mãe cantar todos os dias as cantigas de ninar.
E já aos 7 anos, ela me colocou nas aulas de piano com a moradora do último andar de onde sai aprendendo a tocar piano a quatro mãos, acompanhada de minha irmã.
Desde cedo meu avô apresentou a fazenda de gado leiteiro e as plantações de café, milho e batatas. Ensinou-me a tirar leite de vacas e a debulhar o milho e a fazer do trigo o bolo, já que minha avó preparava como doceira, bolos e broas de fubá. Aprendi a valorizar a terra e os pios dos pássaros. A plantar a comida e a saborear os gostos. Respirar o ar poluído da cidade e o ar natural dos campos e andar em balanços feitos de corda presos nas árvores, sentada sobre travesseiro de penas, feito ali mesmo, na fazenda dos meus avós em Minas Gerais.

Nasci Carioca perto da Lagoa Rodrigo de Freitas, mas a vida que vivi era de sonetos e músicas, entre a cidade e o campo. E na pré-adolescência com a minha tia Lourdes, esta colocava em sua vitrola, as músicas que me inspiravam poesia e sonhos, como as de Vinícius de Moraes e Tom Jobim. Existiam os passeios no Jardim Botânico, as corridas de cavalos do Jockey as caminhadas pelas ruas do Leblon e o almoço no Shopping da Gávea. Aprendi a nadar no Mar da praia de Ipanema.
Gostava de ouvir MPB e as músicas de Dalva de Oliveira que minha mãe cantarolava. Além das marchinhas de carnaval, que tocavam nos Bailes Infantis e nas rádios, ouvia a Banda da pequena cidade, aonde viviam meus avós, tios e o padrinho Victor Cunha, mineiro e professor de música, compositor e grande personalidade da Cidade de Três Corações. Este me deu seu método exclusivo de violão e na época era o dono da Rádio de Três Corações, onde meu pai também trabalhou por um período.
Outra personalidade da Cidade, que depois veio ganhar estátua na Praça, aonde eu vivia sentada chupando o dedo, era o nosso querido Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
Vivi muitos shows no Canecão com minha tia e apreciava além de ouvir Elis Regina, Janes Joplin e eu cantava “Bom dia” de Herivelto Martins, durante muitos anos da minha vida...
Aqui deixo essa música da minha bagagem, e espero que apreciem, tenham um Bom Dia!





Diana Balis

Bom dia de Herivelto Martins
Amanheceu, que surpresa
Me reservava a tristeza
Nessa manhã muito fria
Houve algo de anormal
Tua voz habitual
Não ouvi dizer
Bom dia!
Teu travesseiro vazio
Provocou-me um arrepio
Levantei-me sem demora
E a ausência dos teus pertences
Me disse, não te convences
Paciência, ele foi embora

Nem sequer no apartamento
Deixaste um eco, um alento
Da tua voz tão querida
E eu concluí num repente
Que o amor é simplesmente
O ridículo da vida

Num recurso derradeiro
Corri até o banheiro
Pra te encontrar que ironia
E que erro tu cometeste
Na toalha que esqueceste
Estava escrito bom dia
::INTRO::
 
Autor
DianaBalis
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/02/2011 12:08  Atualizado: 21/02/2011 12:10
 Re: Influências vitais I (Prosa da Vida)
Gisele, você conseguiu encher nesta manhã meu coração duma nostálgica alegria, pois, apesar de tbm ser carioca da gema tive uma vida interiorana intensa, toda a minha família é Valenciana. Valença é uma linda cidade do interior do Rio de Janeiro antigamente sustentada pela agropecuária, hoje muitas faculdades, turismo etc. bem; o que fizeste desta prosa praticamente é um auto-retrato com minúcias que me trouxe o sorriso à tona. em agradecimento segue a música do Herivelto em que Dalda de Oliveira foi sua maior intérprete.

um beijão bem Carioca.

zésilveira