Regressas...
Regressas efetivamente em minha vida... Em minha história.
Não... Não será um encontro.
Um reencontro... Estou certa que sim.
Trazes consigo a melhor parte de mim...
Que nem eu mesma sabia por onde andava esquecida.
Devo tê-la perdido por aí... Ao longo do meu caminhar incerto.
Ora sem paz... Ora sem rumo... Ora sem lar.
Sem abraço... Sem abrigo... Sem oração.
Quem sabe larguei-a pelo caminho a propósito...
Para que tu... E tão somente tu a encontraste.
Regressas...
Mas te despojastes d’alguns dos meus pesares.
Do meu cansaço... Da minha ausência de créditos... E credos.
Secaste minhas lágrimas... Curaste feridas abertas há tanto...
Desfizeste os nós das minhas dores... Tantos nós.
Nós que me amordaçavam o verbo...
Nós que me amordaçavam a carne...
Mas que nunca amordaçaram meus pensamentos...
Livre! Sempre fui livre!
Pois que este é o único lugar em nós onde somos verdadeiramente livres.
Livres... Loucos... Sãos... Bons e maus.
Dividimos espaço entre a noite e o dia da nossa consciência.
E este fato invade-me numa quase saudade...
Mas numa profunda e nítida sensação de descanso.
Regressas...
Traz-me o meu descanso porque tu o és.
Para que eu repouse em ti o cansaço de mim mesma.
Traz-me sim consigo meu grande amor...
O meu amor... A melhor parte de mim.
Traz-me... Para que eu reconheça a minha intensa plenitude...
Para que eu reconheça e retome coisas que me pertencem... O que perdi.
E sinta, enfim, a paz... Fazendo um pequenino ninho.
Neste meu coração inquieto que aguarda intenso...
O teu... O meu regresso.
Karla Mello
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)
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