Cinco décadas é o que registra meu cronômetro pessoal na travessia entre o tempo e espaço. Não me parece fantasmagórica a exatidão da idade, só a sensação ínfima do tempo transcorrido, deve ser a inteligência de minha volátil memória a se proteger em lapsos de esquecimentos.
Entro na idade consciencial do mundo que me rodeia ao mesmo tempo em que construo uma especial armadura em proteção ao meu universo interior. Estou consciente das mazelas, das feridas pútridas da vida que sangram, e a minha cota de responsabilidade por elas. A existência parece medonha...
Cá dentro o duelo das dicotomias, bem/mal, amor/ódio... E a certeza que a paz começa dentro de nós mesmos e daí se propaga... Cá dentro a ciência que um mundo melhor é criação do interior de cada universo particular, a maneira de perceber a vida, mesmo a duras penas, e a confiança do poder latente transformador que existe em cada um. A perspicácia de poder absorver a energia anímica de vigor da exuberância da vida que nos é presenteada a cada instante pulsante e que por exaustão ou tédio, a consideramos mera simplicidade.
Toda magia e mistérios da vida não são simples, como percebe nossa vã arrogância, tudo é assombro de contemplação, tudo, da beleza tecida ao chão de um colorido tapete de folhas de um outono, ao teto de nuvens cinza que obstrue a luminosidade e que faz brotar chuviscos límpidos e cristalinos de uma estação gestante...
Enquanto vida sou parte desse universo e não quero contribuir com a poluição, minando de raiva, culpa desesperança, medo, aflição, enfim, intimas insatisfações, não quero e não preciso contaminar o ambiente e as pessoas que me rodeiam, mas, também escolho a blindagem da segurança para não me deixar contaminar por venenos alheios, estou convicta da solidez do convencimento próprio. estou ciente que são de minha mente e idéias o desabrochar de sonhos que transformam-se em realidade, porque nenhum sonho é em vão se não desistirmos dele.
Só agora tenho a certeza que o tempo afora é o grande mestre dos ensinamentos. Concordo que o desanimo e o desespero são as principais fontes do sofrimento.Entendo que os confrontos são necessários em prol do bem e direitos aos quais merecemos.Entendo quão sábia é a natureza que me rege e que ela tem todas as respostas as minhas intrínsecas necessidades.
Entendo que a fé, independente das vestes religiosas é o que alumia minha escuridão. agora percebo melhor que a fonte da felicidade são meus pensamentos, que meus olhos é que dão vestimentas ao que percebo da beleza e ou feiúra.
Percebo que oxigenar as emoções é fazer pequenas reflexões, mesmo a cada aniversário e com elas obter a sabedoria do entendimento, que todos os acontecimentos da vida são diluídos no tempo que passa, em momentos fragmentados de ínfimos instantes, mas com poderio de criação de inéditas historias que dá sentido maior a nossa existência.
Lufague.
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Das palavras, as mais simples. Das simples, a menor.” Winston Churchill