DÁ-ME TEMPO...
Queres tempo para recompor a tua vida,
onde eu entrei sem querer, sem planear,
numa noite onde a esperança foi sentida,
nos nossos corpos que se permitiram voar.
Porque entraste no meu quarto dessa forma?
Já sabias que as brancas nuvens pairavam.
Porque me puxaste, suave, para a cama?
Já sabias que as doces chuvas aguardavam.
Noite de loucura bebida, de prazer e medo,
medo da conquista que tínhamos esquecido,
medo, principalmente, de encarar o mundo,
medo de aluir tudo aquilo que foi construído.
Mas os medos foram vencidos, na noite...
Noite cintilante, na conivência da lua, nua,
aquela branca luz que nos convida ao deleite,
aquela imagem que me pareceu ser a tua...
Parar era impossível... Parar era cobardia,
o sentido estava marcado nas tuas curvas,
que o meu tacto, trémulo, docemente sentia,
por entre visões de desejo, fugazes e turvas.
Contudo, agora pedes-me, exiges tempo...
Para recompor o que ainda não esqueceste...
Contudo, agora pedes-me, exiges tempo...
Sinto que esqueceste tudo aquilo que viveste.
<br />RMC