é puro frenesi
nada de laços ou correntes
apenas frenesi
olhos piscando, dores nos entorpecidos - liquidificando as agonias no êxtase
o beijo na boca é um tapa na cara reverberando - o vendedor trombadinha vagabundo trabalhando vendendo suas trapaças no meio da calçada - o tapa na cara como um beijo de língua no diabo – ele levou uma bela porrada na cara o vendedor é dele que falo
frenesi
franzi os olhos e tudo vi, nada sei dizer
é puro frenesi
um novo dia já nascendo
e eu fremente
mas sem medo ou dor ou felicidade
nada além de frio por conta do calor que o ventilador não me permite viver
é só frenesi
um poema feito nas coxas
com uma folha em cima
rasgando-a com a ponta do lápis
a ponta do lápis se transforma em ponta do dedo quando se escreve na areia
e a areia se transforma em história quando é ampulheta
é puro frenesi
como tudo que está escrito debaixo e acima da folha
que você pisou com teu olhar
nasce o dia e mais um frenesi lança do sol à terra
novos olhares que enxergam a superfície do profundo e o tutano das palavras
desisto de pôr o sol na tua frente