“Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.”
Rainer Maria Rilke
Um século tombado sobre a ossada inerte
do derradeiro espécimen da raça humana,
nenhum extraterrestre, fera alguma
terá se elevado ao fatídico trono.
O mundo será dos ratos. Será.
O espectro de Zeus, trôpego, em busca
do antigo Partenon
volitará das montanhas em bruma
até aos confins dos mares,
por noites infindas, sem lua.
Tufões o seguirão, nos seus retiros
aos vales de fumo e treva -
dantes metrópoles rígidas .
Um século, talvez,
talvez milênios,
tombados sobre os escombros
do Cristo Redentor
no Corcovado,
ainda eclodirá nas vastidões de Hades,
o réquiem do humano ciclo.
“Requiescant in pace”
entre os filhos melhores dos homens,
os deuses todos, malditos
deuses que os não protegeram...
Bem hajam futuros lampejos de sol no céu turvo!
Atinjam os cimos gelados da crosta!
Aqueçam antigas campinas,
devolvam-lhe os ribeiros, tragam tempestades
que despoluam o ar!
Que, por milagre, enfim, algum arbusto cresça
e a Terra possa retomar o seu destino!...
(Poema de Sersank, do livro "Estado de Espírito")
(Imagem obtida no banco de dados do Google)