Hoje amanheci com um gosto de saudades em minha boca.
Saudades do meu chão... do batente quente.
Saudades de deitar, com calor, no chão friozinho de minha casa.
Saudades de beber água geladinha...
Com o corpo quente do sol... e sentí-la inavadir e esfriar o meu interior. Maravilhosa sensação. Chega a doer a testa.
De sentir o mormaço de amores de minha terra...
Assim... quando passeio entre os cômodos de minha casa.
Saudades de andar na feira livre... a comer frutas lavadas com água duvidosa.
Saudades da jaca dura vendida no saquinho... no centro da minha cidade.
Do rolete de cana... sempre aguado com aquela mesma água duvidosa.
Do caldo de cana com bolo de bacia.
Saudades dos centavos de troco que não se faz questão... nem quem compra... e nem quem vende. Tão diferente de onde estou. Onde, por um centavo... se deixa tudo.
Generosidade... Gentilezas... saudades da gentileza... da alegria descuidada do meu povo.
Hoje... amanheci com um gosto de saudades em minha boca.
Karla Mello
fevereiro/2011
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)