Poemas : 

Obtuso e rabugento

 
Sou intransigente

Obtuso e rabugento

Sou pouco mais que inteligente

Sendo eu demente




Por ouvir essa verdade

Que nada mais que falsa é

Sou demente

Por de ti ser dependente




Rindo, mas rindo mesmo

Alegremente

De quando me tornas num palhaço

Espaço para o qual me afasto




Subindo degrau a degrau

A escadaria que me leva a dor

Sei bem que sim nesse teu sim de não

Não sabendo se é amor




Sou demente

Me torno um ditado

De uma palavra

Que solto

Emigrado do meu tom

Mais calado




Sou demente

Rejeitado

Amputado

Calejado em teu corpo escravizado




Sou demente

E vagueio normalmente

Por meu mundo secreto

Onde tudo e aberto




Demência

Onde não existes

Nem no sopro

Nessa tua tendência

De me descartar




Sou demente

E cresço qual semente

Nesse novo lugar

Onde só entra

Que me quiser amar

Sou demente

Nessas paredes

Onde desenho

Um novo começar

Um miradouro

Que construo

Para de lá poder a vida olhar

Voar correr e saltar

Nesse lugar que e meu e teu

demente de pernas para ar

No meu nascimento para amar

seja aqui ou em qualquer lugar

meu sopro quer caminhar

para a demência oportuna

como quem ama sem qualquer lacuna




 
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Marujo
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