Sou intransigente
Obtuso e rabugento
Sou pouco mais que inteligente
Sendo eu demente
Por ouvir essa verdade
Que nada mais que falsa é
Sou demente
Por de ti ser dependente
Rindo, mas rindo mesmo
Alegremente
De quando me tornas num palhaço
Espaço para o qual me afasto
Subindo degrau a degrau
A escadaria que me leva a dor
Sei bem que sim nesse teu sim de não
Não sabendo se é amor
Sou demente
Me torno um ditado
De uma palavra
Que solto
Emigrado do meu tom
Mais calado
Sou demente
Rejeitado
Amputado
Calejado em teu corpo escravizado
Sou demente
E vagueio normalmente
Por meu mundo secreto
Onde tudo e aberto
Demência
Onde não existes
Nem no sopro
Nessa tua tendência
De me descartar
Sou demente
E cresço qual semente
Nesse novo lugar
Onde só entra
Que me quiser amar
Sou demente
Nessas paredes
Onde desenho
Um novo começar
Um miradouro
Que construo
Para de lá poder a vida olhar
Voar correr e saltar
Nesse lugar que e meu e teu
demente de pernas para ar
No meu nascimento para amar
seja aqui ou em qualquer lugar
meu sopro quer caminhar
para a demência oportuna
como quem ama sem qualquer lacuna