Dá janela da minha sala eu olho o céu ao longe,
Tingido pelas nuvens que formam brancos desenhos,
E sempre meus olhos acabam focando a serra ao longe,
Onde o céu então se deita e se debruça e se esconde.
Da minha janela fico então apreciando os montes,
Lá longe, onde desce o céu e assim fico viajando,
Deliciando-me na sutileza da sua forma serena,
E me faço alado e o vento vai me levando sobre ela.
Por vezes me faço anjo e fico sobrevoando os montes,
Bem rente aos cumes dos morros suaves e desuniformes,
Como se a serra fosse mar e cada elevação uma onda,
E assim vou voando e me embalando rente às nuvens.
Noutras, me transformo em majestoso pássaro,
E fico pulando nas copas das árvores gigantescas,
Percorrendo as cristas da floresta densa e fechada,
E me sinto pomposo, como se fosse uma águia,
Num vôo majestoso sobre os montes em encanto.
Nas manhãs de céu límpido, a janela me mostra a serra nua,
Então me transformo em um animal felino, esguio e ágil,
E penetro a mata, adentro sua verde e virgem intimidade,
Até sinto o cheiro da relva, da terra e a imensidão da mata,
Então me vejo pequeno mas radiante diante daquela grandeza.
Hoje sou só alguém que olha as serras ao longe,
E que sente uma vontade gigante de abraçar o meu amor,
De sairmos voando da janela da minha sala de mãos dadas,
E voarmos juntos até aqueles montes que tanto me encantam,
E encantá-la com tudo que imagino fazer - na sua companhia.