Caminho. Sei saber para onde ir, nem com quem ir. Apenas caminho, sozinha, acompanhada, triste ou feliz não sei. Nem sei o que sentir, o que pensar, o que dizer, ou se hei de me calar. Sinto os meus pés a não aguentarem o meu corpo. Sinto a minha mente a não aguentar tanto pensamento. Vi o meu mundo desabar perante os meus olhos e não consegui fazer nada. Senti-me impotente, inútil, fútil. Mas, a meio da caminhada surgem vultos em meu redor. Senti nesse momento uma paz difícil de explicar. Pelo que contei, eram 6 vultos. Estavam ali. A meu lado. Tropecei. Uma mão apareceu e agarrou na minha. "Não caias! Aguenta-te. Estou aqui" Disse o vulto a quem a mão pertencia. A sua voz pareceu-me a de um anjo. Era a de um anjo. Olhei com atenção para estes vultos. Eram pessoas que conhecia, mas não esperava ter ali. Tinham asas e um branco em redor da sua silhueta. Não acreditava no que via, ou estava a ver. Era algo que me surpreendia. Mas senti-me feliz. Tinha quem precisava naquele momento. Não podia jamais viver sem aqueles 6 vultos. Eram indispensavéis. Olho para a frente, sentindo aquelas presenças tão serenas comigo. Foco o meu olhar no horizonte. Vejo um nevoeiro. Olho com mais atenção e visualizo mais 3 vultos. Agora eu sabia que estava a sonhar. Tinha agora a alma completa, a mente livre de tudo, tinha a minha vida. Sim, finalmente tinha a minha vida. Porque quem eu era, era apenas uma personagem. Era uma farsa, inventada pela minha cabeça. Pensar que conhecia as pessoas...Nunca tinha estado tão errada em toda a minha vida.
Rute Martins