A lua crescente abre-se em teus lábios
descerra pálpebras nocturnas
e uns olhos de água viram cristal
no toque líquido com o rio.
Novas estrelas sobem ao espaço sideral
acariciando meus pulsos de seda.
Do outro lado do horizonte novos sóis
brilham levemente na tua face
com cores virando sonhos do avesso e
acrescentando continentes nas tuas mãos.
Junto ao círculo máximo da esfera
beijo-te a fronte pois pareces agitada.
Cabelos dispersos por sobre as almofadas
asas de pássaros lembram
em debandada indo ao encontro
do dia que finalmente se avizinha deste lado.
Deito-me junto ao quente de teu corpo
e traço a traço gizado tua agitação.
Tiveste a noite e os dias num só tempo
intemporal (dormiste e sonhas-te)
e foste deusa a uma só hora
enquanto eu velava o teu sono ilusório.
E enquanto dormias lá fora houve noite
e dia no macio de teus olhos velados.
Esbracejando para mim sorriste-me
e olhando a janela parada com
suas cortinas de seda gorjeiam os
pássaros acordando a manhã primeira.
Jorge Humberto
17/02/11