Azuis as águas, que nos meus olhos se revelam;
Rio temeroso da história suas muitas conquistas;
Hoje, mar morto, que as precisas gaivotas velam,
Quando em alçado voo se parecem a trapezistas.
Já não é o rio da minha aldeia, este que eu vejo,
Parece desorientado e cego, sem ter para onde ir;
E as recordações de menino é tudo o que antevejo
Para este rio, que, de quando em vez, se põe a rir.
Ri da ignorância do homem, construindo fábricas,
Sem se preocupar com suas águas já poluídas;
Ou talvez ria para não chorar suas secas estrábicas.
Corre, meu lindo rio, para onde te levam as águas;
Que tuas ondas tremeluzentes não sejam sentidas
Nem contenham em si as mais tremendas mágoas.
Jorge Humberto
13/09/07