Sentidos não sentidos,
Não ver, não ter, não ser.
O tato pela pele perdido,
E uma razão para crer...
Milagres ante uma oração,
O perdão, o sim, o não.
Cego, não por faltar visão,
Mas por não saber enxergar a razão.
Dos sentidos não sentidos,
Milagres ante uma oração.
De desejos reprimidos,
Castidade de uma paixão...
Do corpo que fala, arrepia e deseja
Exala estéril um perfume.
Boca na boca que beija,
A troca num gesto incólume...
Mãos, sentidos não sentidos
Sol e chuva, palavras ao vento
Em você me pus perdido,
Em você apostei meu tempo...
Não me suplante, me plante,
Faça-me sem querer flor.
E tenha-me por um instante,
Com espinhos múltiplos de dor...
E com eles venha confabular,
Talvez me entender.
Talvez sexo, talvez amar,
Deveras formas de prazer...
De sentidos não sentidos,
Fronteiras jamais ultrapassadas.
Que pelo incrédulo libido,
As barreiras serão quebradas...
Fazendo de seu corpo um anfitrião,
Alheio a todas as vontades.
Explorando-lhe como um espião,
Mapeando sua sexualidade...
De sentidos não sentidos,
Inexplorados e quase extintos.
Tabus em você contidos,
Quebrados pelas vozes do instinto...
Que gritão pelos poros suados,
E fervem incontidos.
Aflorando na continuidade dos pecados,
Em sentidos não sentidos...