Poupem-me os poemas de amor,
esses versos que vos mastigam.
Poupem-me tamanha dor
em que vós próprios instigam.
Todos têm o seu momento
para sofrer o entendimento
da estranha forma de sentir
que é negar o sentimento.
Não são mais palavras
de reflexão que levam à razão,
são só mais contas
num problema à procura de solução.
Por isso poupem-me o desgosto
nas lágrimas do vosso rosto.
Culpem-me de não mentir
mas o amor é um monstro.
Poupem-me o vosso espanto,
voltem a amar sem sentido,
se do amor restar outro tanto
é por amor não ter sido.