Deito meu desassossego, no
teu peito;
a casa está silenciosa; apenas
o pulsar de dois corações
se escutam, para além de nós
e dos que lá fora, buscam
sentido permitido para a vida.
O sol é nado faz muito e luz no
azul do céu,
esgarçado pelas nuvens puídas,
que ameaçam de chuva a terra;
e a ampola de meus dedos,
enche-te de mil afagos, silente,
nos traços da linha de teu rosto.
Na mesa; o café arrefece o dia e
a tarde
já se avizinha, com negras asas
de pássaros; seus gorjeios são
mais intensos, à medida que as
janelas se vão fechando, para o
secretismo do lar.
Fecha-se a porta atrás de ti; sais
à cidade; uma enorme vontade
de te agradar, faz com que siga
teus passos, embora, por outro
caminho; procuro nos jardins,
Rosas Brancas, de meu deleite,
para te brindar, no tornar a casa.
Teus cabelos molhados, meus
cabelos molhados, dizem bem da
chuva, que vai lá fora; as Rosas
descansam dentro de água; e, eu,
corro, para te ver sorrir, junto
com as pétalas, em cruz, nos teus
braços, como num cerimonial.
Cai a noite nas luzes da avenida;
e ficamos à luz de velas, ceando,
com as Rosas no centro da mesa;
palpitar de corações, descendo
até ao branco dos pulsos; olores
de incenso mediterrânico,
trazendo a ilusão para a realidade.
Jorge Humberto
15/02/11