Poemas -> Dedicatória : 

O cântico da terra (Cora Coralina)

 
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Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Cora Coralina (1889-1985), poetisa goiana.

Imagem: Deserto.
 
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AjAraujo
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Enviado por Tópico
João Marino Delize
Publicado: 15/02/2011 13:25  Atualizado: 15/02/2011 13:25
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Usuário desde: 29/01/2008
Localidade: Maringá-
Mensagens: 1976
 Re: O cântico da terra (Cora Coralina)
Quanta simplicidade, quanta verdade. Tudo isso é Cora Coralina, talvez seja por isso que viveu tantos anos.

abraços