Que estranha vida tenho eu
Restos são se ansiedade
Há choro e lamento teu
Mas foges da realidade
Vais para algo que é só meu
Que olhos eu vejo algures?
Perdidos em emboscada?
Sangram lágrimas de nenhures
Cai um pano sobre a escada
O sangue negro em torres
Por que é que o papel não se rasga
Ao colocar lá a caneta?
Era vingança que afaga
O meu livre desespero
Sensação que não se apaga
Quando chega-me a morte?
Pois já tarda a amargura
Cortei a linha, tal corte
Levou-me à loucura
E hoje quero a morte
Sorrisos à negra vida
Que aparentava ser colorida
Foi-se ela tão perdida
Sem encontrar mais saída
Que estranha forma de vida
Quando morrer levo a vida
Pode ser que não me perca
E que encontre outra saída
Pedro Carregal