Mês passado, choveu 2012 adiantado.
Caíram tempestades em cabeças humildes.
Formaram-se corredeiras de políticos em seus comícios.
Correntezas de tragédias anunciadas e desprezadas.
Caíram morros, montanhas inteiras de indiferença.
Caiu a crença do brasileiro de que no fim tudo dá certo.
Caíram mortos, velhos, crianças, caíram rostos.
Caíram direto os decretos inúteis, as melhoras por embustes.
Caiu de pé um povo humilde, ignorante.
Levam de enxurrada à sua presença, as descrenças.
Deus morreu em 2011?
Por que não?
Já havia sucumbido em 2010.
Ele deixou o próprio corpo cair sobre as nossas cabeças?
Não. Não foi Deus, jamais será.
Cai o homem em seu egoísmo.
Faltou-lhe aquela mãe, que sem educação, num país de fachada, lhe pariu e agora caem do céu, em gotas.
Cai no povo brasileiro o seu próprio inferno ignorado.
Cai das mãos de um Deus angustiado que olha onisciente para tudo, mas só pode dizer amém.
E ao homem que agora sofre, de que adianta tudo isso?
De que adianta esse texto?
Esses dilemas?
Ao homem que tudo perdeu só lhe resta chorar, berrar, espernear.
Um choro ardido, fedido de raiva, de mal-estar.
Não. Não se clame por Deus.
Paremos com isso.
Ou melhor: chamem sim, pois é preciso ter muita fé para algo mudar.
Porém chamem os homens responsáveis.
Sim. Chamem, chamem por todos eles para que possam apreciar sua “bela obra” e chorarem, se souberem.
E também para já chorarem adiantado suas lágrimas de crocodilo sobre as perdas humanas da chuva de 2012.
B.H. - 01.02.2011
Augusto Alfeu Colares