Ao fragor juvenil da primavera
Nascente flor indulta o inverno findo
Que agonizante ao leito em fria espera
Entrega-lhe o “cetro rei” assim pedindo:
Vem ave errante em migratório vôo
Vem colorir enfim meu desatino
No reboar-te à porta em vento atrôo
Depositando em tuas asas meu destino
À dobra do tempo lança-me afora
Pro róseo delírio d’um desfazer ungido
Em seiva e grapa de cereja e amora
Aquecendo-me o sono em jardim florido
Arranca da nobreza vossa o vinho
E o jorre das douras taças de teu colo
No ressequido regaço já tão daninho
Desse gélido agonizar de infindo solo!