Neste humilde rio, de minha infância,
onde eu dormia ao relento,
minha vivência, meu alento,
deixava que as árvores da estância,
me cobrissem com seu manto,
até que destruídas, caí em pranto.
Agora já só sombras a fazer lembrar,
as horas alegres, que lá passei,
de nada – digo – de nada sei,
mas um genuíno e puro recordar,
faz de mim uma pessoa mais triste,
que por um mundo melhor não desiste.
Quando criança havia um mar estreito,
com pescadores entregues à faina do dia,
(que humildes que eram, que cortesia),
e eu como já era um “homem” feito,
ajudava a puxar os barcos para terra,
(ainda não se ouvia falar em guerra).
Hoje só os anciões consertam as redes,
cantando canções, de outros tempos,
puxando carroças os velhos jumentos,
nas fontes ainda limpas, saciando sedes,
para de seguida arar a terra polposa,
que nos dá os frutos de polpa airosa.
Infeliz o Homem que não tem humildade,
e deixa que os costumes e valores se vão,
como numa funesta catre ou vil caixão,
porque lhes foge a douta sinceridade,
para fazer desta uma Terra muito melhor,
porque passar, já não passa, de pior.
Olhai para as criancinhas, pobrezinhas,
sempre felizes na sua macia infância,
nada lhes apontem por má constância,
às nossas sementes, tão inocentinhas,
que o que elas querem é um balão,
que voe tão alto como o seu coração.
Jorge Humberto
08/02/11