Junto aos amores-perfeitos do rio
Existem memórias do tempo
Bancos de madeira a degradar
Proxenetas e Prostitutas
Estátuas sem cabeça
Por ali todos tinham o seu lugar
Já no coreto mais a cima
Havia a banda a tocar
Quando era dia de rancho
O homem no jogo do pau
Com pujança no seu olhar
Este Jardim conta histórias
Tem lendas neste lugar
Onde um dia
O romancista Redol passou
E tanto poeta ousou
No largo dos pombos sentar
Havia um pato com três patas
Um macaco para recordar
Pavão feio...pavão feio...
Arco-íris a embelezar
O voo dos pombos era lindo
Quando os namorados
Se cruzavam no olhar
Olho a linha do comboio
Na espera de lá passar
Ainda vejo uma menina
De cabelos pretos a saltar
Tinha sonhos de liberdade
Numa mão que a levava
Nos baloiços sem parar
Olhava o sorriso do rio
Falava com as pedras a cavar
Olhava os barcos varinos
Sem saber que estava a sonhar
Pois seus olhos lamparinas
Viagem de anjos
São lagos a coaxar
Fotografia sépia de pano preto
No cavalo de pau sem parar
Caramelos vaquinha
Chave de Ouro a lambuzar
Cristina Pinheiro Moita /Mim/