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O LUAR DE SAPUCAIA: A HERDEIRA ( CAP IX )

 
O LUAR DE SAPUCAIA: A HERDEIRA ( CAP IX )
 
O delegado investigava a morte de Jorge Britto, teria sido suicídio? Ele foi encontrado pela esposa caído no chão do quarto, em uma poça de sangue, os pulsos cortados...
Essa era a opção mais óbvia, entretanto, alguma coisa não se encaixava, ele não tinha motivos para isso, Jorge Britto era bem relacionado na cidade, tinha muitos amigos, os vizinhos gostavam muito dele, a sua vida familiar também sempre foi das melhores, todos sabiam como ele se dava bem com a esposa, e planejavam ter filhos...
Não poderia ser suicídio, alguém fizera aquilo com ele, para que se fosse pensado nessa hipótese.
De qualquer forma, estaria investigado o mais rápido possível, porque alguma coisa lhe dizia que isso tinha um certo laço com a morte de Patrick...
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A campainha do apartamento de Lorraine tocou. Ela olhou no "olho mágico" e viu que era uma mulher a quem não conhecia. Abriu a porta e disse:
_ Sim, o que deseja?
_ Você não me conhece, mas posso te dizer que o delegado de Sapucaia está de olho em você. Tome cuidado!
_ Entre aqui. Mas o que está me dizendo? Quem é você, primeiramente?
_ Não quero me identificar, mas vim como sua amiga. Tome cuidado a partir de agora!
A mulher olhou bem tudo que tinha na sala de Lorraine, percebeu na parte do escritório uma foto na escrivaninha:
Parecia Rubens e outro homem, mas estava longe, teria que se aproximar para averiguar...
_ Poderia me dar um copo d´água? Está muito calor, e depois disso eu vou embora...
Lorraine, foi até a cozinha e enquanto isso, a mulher sorrateiramente confirmou que era mesmo Rubens no retrato da escrivaninha.
Lorraine voltou, mas a mulher já havia saído.
"Estranho, muito estranho tudo isso"...
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Jane estava com medo de voltar a encontrar Lorraine, não queria chamar a polícia, pois não tinha provas concretas, apenas a confissão dela no barzinho de Sta Teresa não era o suficiente, não havia gravado. Como não pensou nisso naquele dia? Deveria ter colocado seu celular para gravar enquanto conversavam...
Foi para seu escritório, agiria como se nada soubesse, teria cuidado, e assim que houvesse outra chance, ela gravaria uma nova conversa, teria de embebedá-la mais uma vez.
Lorraine chegou pouco depois de Jane. Estava estranha, parecia que o olhar estava perdido em algum lugar... Deixou-se cair em uma das cadeiras de couro da recepção. Nada dizia, apenas o olhar perdido...
Jane não quis se aproximar, fingia não perceber nada.
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Rubens estava no bar de sua mãe, quando ela chegou.
A mulher era muito mais bonita que Jane e Lorraine juntas!
Era de estatura mediana, cabelos castanhos que caíam pelos ombros. Olhos de uma cor que não se sabia se era cor de mel ou amarelo esverdeados...
Tinha um leve bronzeado, as marquinhas do biquíni apareciam na blusa "tomara que caia" que vestia...
A saia era um palmo acima do joelho, um belo conjunto verde água.
Ele se virou e disse assustado:
_ Você, por aqui?
_ Isso mesmo. E acabo de conhecer o apartamento dos dois pombinhos...
_ Você conheceu Lorraine?
_ Sim, acabo de vir de lá. É uma loira bonita. "Pena ser tão doente da cabeça", pensava...
_ E o que foi fazer lá? Me diz...
_ Fui alertar sobre o delegado de Sapucaia.
_ Ele desconfia dela?
_ Sim, e muito...
A conversa parou subitamente. Ele teria de repensar todo esquema, não poderia eliminar Jane tão cedo.
As suspeitas se levantariam contra Lorraine, agora que estava sendo visada...
_ Volte para casa, no fim de semana te vejo.
_ Eu vou sim. Te espero no mesmo local de sempre. Até lá...
_ Vai, vai...
A linda mulher se virou, deu um tchauzinho, e foi embora dali.
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Jane estava desconcertada, alguma coisa tinha deixado Lorraine naquele estado. Mas o que seria?A água do galão escorria no copo plástico de Lorraine, ela não percebia...
Jane desligou a torneirinha do galão, e se virando para Lorraine perguntou finalmente:
_ Mas o que houve hoje com você amiga?
Amiga... isso agora soava incrivelmente falso, ela refletia...
_ O quê? Não estava prestando atenção, estou com dor de cabeça.
_ Nada, nada... Se é assim, vai para seu apartamento descansar. Não trabalhe hoje.
_ Ah, vou sim. Acho que não tenho condições de ficar. Tchau Jane.
_ Tchau, "amiga"...
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O fim de semana chegou e Rubens foi até o pequeno sítio onde se encontrava com ela.
A mulher já estava lá desde cedinho. Cozinhando alguma coisa para o almoço. "É muito linda", pensou Rubens quando a abraçou, enlaçando a cintura bem feita dela.
_ Ah, chegou amor? Não havia escutado o barulho do carro. É que estou com a música no volume máximo. Deixa eu abaixar agora.
Ela foi até a copa, e abaixou o volume do som. Ele havia dado aquele som de presente para ela, depois de Lorraine o pagar pela morte de Adriana...
_ Vamos para cama, estou com saudades de você...
_ Ah, mas nos vimos naquele dia, como pode estar com saudades?
_ Você sabe de que saudades estou falando...
Ela riu, sabia sim...
Eles se davam muito bem na cama.
Apagou o fogo da comida e foram para o quarto.
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O delegado colocou um detetive da polícia no encalço de Lorraine, cada passo que ela desse seria bem observado.
Lorraine não tinha desenvolvido a síndrome do pânico, mas estava quase à beira disso. Sentia-se vigiada desde que aquela mulher chegou a seu apartamento durante a semana, quando disse que o delegado suspeitava dela...
Olhava para os lados desconfiada, mas ao mesmo tempo nada percebia, parecia que estava alheia a tudo, numa dessas, não viu um caminhão que vinha na sua direção.
FOI APENAS UM MOMENTO, E TUDO FICOU NEGRO...
Era o fim de uma assassina.
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Jane recebeu a notícia cerca de duas horas depois.
Mesmo sabendo que não deveria fazer nada por ela, pois a intenção de Lorraine era matar Jane, o seu coração fez com que providenciasse todo o enterro.
E depois na saída do cemitério, ela voltou-se mais uma vez e disse baixinho:
_ Adeus, Lorraine. Poderia ter sido tudo diferente...
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A campainha da porta de Jane tocava disparada.
Era D. Matilde.
Jane atendeu, com muita paciência com aquela senhora, apesar de detestar que as pessoas façam esse tipo de coisa...
_ Bom dia, D. Matide, o que houve?
_ Jane, minha filha, leu o jornal hoje?
_ Não ainda não. Só compro no caminho para o escritório.
_ É que tem uma notícia que vai lhe deixar triste, olhe.
O jornal que trazia consigo, D. Matilde entregava nas mãos de Jane.
Ela se espantou com o que a manchete dizia:
MULHER É ATROPELADA POR CAMINHÃO NA TARDE DE QUARTA FEIRA, ESTAVA GRÁVIDA.
Ah, então ela estava grávida! Que pena... Ou seria, melhor assim? Uma mulher que era assassina, não daria uma boa mãe.
Mas D. Matilde desconhecia tudo. Natural que quisesse mostrar a notícia, sabia que eram amigas como irmãs...
_ Obrigada por me mostrar D. Matilde.
Dito isso, entregou o jornal de volta à senhora.
D. Matilde ficou meio surpresa com a reação de Jane. Mas nada perguntou. Foi embora.
Jane entrou em seu quarto e se arrumou bem calmamente. Agora não teria medo. Rubens nada faria para ela. Lorraine, sua fonte de dinheiro, estava morta e enterrada.
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A notícia no jornal pegou Rubens de surpresa. Grávida!
Ela estava grávida de um filho seu!
Ele deixou a mulher apressadamente. Disse que teria de ir embora de volta para o Rio, porque Lorraine morrera.
Ela não escondeu um sorriso de satisfação:
Menos uma rival!
Ao abrir o apartamento de Lorraine, estava ali, alguém muito interessado em toda trama:
O delegado de Sapucaia.
Conseguiu uma permissão para entrar no apartamento de Lorraine para averiguações.
Rubens ficou por um minuto sem cor nos lábios, empalidecera como vela...
O delegado dirigiu-se para ele e disse:
_ Sou o delegado de Sapucaia. E o senhor, quem é? Como entra em um apartamento que não é seu?
_ É que éramos namorados, eu tinha a chave.
_ Ah, sim? Então poderá ir comigo prestar depoimento na delegacia de Sapucaia, pois não?
_ Posso sim. Não tenho nada com esse caso mesmo. Ela morreu atropelada.
_ Não me refiro à Lorraine Pires de Lima. Mas ao caso em que ela era investigada.
_ Era? Não sabia de nada. Então vamos, estou a sua disposição delegado.
Os dois homens pegaram o elevador, mas as mentes tinham um único pensamento:
Onde isso tudo vai levar...
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continua no último capítulo...
Fátima Abreu

 
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FátimaAbreu
 
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