Acendo um cigarro, num movimento
maquinal;
ancestral
gesto, que tem perpetuado no tempo.
Fico expectante, vendo o fumo expelido,
a ir-se pelo ar,
a se movimentar,
bem fora deste meu corpo, tão ofendido.
E esmurro o cinzeiro, enquanto escrevo,
esta devoção,
minha extrema-unção,
que à Indústria Tabaqueira, muito devo.
Quando tinha seis anos, quem me disse,
que o cigarro
mata e traz catarro?
Ah, Ninguém me o disse, que bem o visse!
Fumo mais quando escrevo minhas poesias.
Parece uma bengala
sem gala
nem uso, com que levo os meus parcos dias.
“Fumar Mata”; bem diz a caixa inda lacrada.
Pois se assim é,
reponham o rapé,
que era moda, para a narina mais rematada.
Mas os milhões de divisas que o tabaco gera,
não acabará,
nem findará,
com o negócio, que origina, tamanha guerra.
E assim, continuo minha demanda, de gente,
triste,
de braço em riste,
contra meu vício: em nada ele é complacente.
Ah, mas quando mais ninguém o vir ou supuser,
largarei de vez,
esta insensatez,
e na boca porei, o que mais à mão então tiver.
Jorge Humberto
06/02/11