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A última noite negra

 
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A última noite negra
 
Sai do meu manto de escuridão, a vítima do meu desprezo sorria. Um sorriso imbecil, lúdico e sem nenhuma espiritualidade. Eu queria que o tempo voasse como um abutre sinistro que pousa em algumas sepulturas. Eles rasgaram a minha face, dias antes eu tinha visto o próprio demônio sair de um caixão e com palavras súbitas chamar uma alma de volta à vida. As palavras ficaram grudadas no meu cérebro:

“Lenha e sangue fervidos
Com luxúria e ódio,
O mal não só toca, ele corrompe.
Venha mais uma vez para o plano físico!”

Então o morto abriu os olhos, e se ajoelhou em frente à besta, beijou os seus pés e jurou fidelidade. Eu percebi que ele era apenas um resíduo lúgubre do que antes foi uma alma talvez benigna, como um dia foi a minha. O morto animado era a própria face da maldição, já não existiam sentimentos, angústias ou qualquer outra emoção, ele era mais frio que qualquer estátua.
Me recuperei dos pensamentos. Avancei sobre o demônio, consegui lhe ferir o pescoço e ele gritou:

Você já está morto criatura das trevas!

Deixei que as palavras ecoassem em minha mente vazia. Eu tinha que findar com a sua existência. O sangue saia em grande quantidade e eu percebi que em sua maior parte ele vinha de mim.

- Agora vê o seu infortúnio? Eu não posso morrer! Nunca!

Ele se recuperava de cada ataque. Então meus músculos começaram a não responder mais. Ele segurou-me pela gola da camisa e depois enfiou as suas unhas mais afiadas que metais no meu estomago. A dor foi lancinante. Fiquei caído por um bom tempo, o sangue correndo por todo o meu corpo. Percebi que jamais ganharia essa batalha. Levantei-me, usei minhas ultimas forças para agarrá-lo, então caímos no abismo.
Escuridão!

Nem uma sombra se move no escuro. Não há guerra, morte, ou tragédia. Toda dor é confundida com a paz, o abismo se abriu e eu aceitei o preso por derrota-lo. O meu coração foi devorado, mas enfim eu matei o demônio.



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@artatw


É um conto, na verdade um trecho dele. Me faz lembrar as crônicas de rpg que a muito eu jogava. Espero que gostem tanto de ler, quanto eu gostei de escrever.
 
Autor
sir Arthur
 
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