Espiral sem medida nem volume
onde te perdes e encontras,
vive sem início nem pontas,
parece fogo intenso, sem lume.
Agrava a camada do disfarce
cada segundo, em cada espaço,
em toda pausa e cada passo
por mais que cada um passe.
Alimenta-se da insegurança
do momento de maior fraqueza
para eregir forte e tesa
e escangalhar o fiel da balança.
Quando te possui e te muda,
arrasta tudo como furacão,
tornas-te vil arrastão,
em que ele mesmo se escuda.
doce cisne negro...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.