Ouça o poema:
O AR
em 'Madrugada das Flores', de Luiz Sommerville
recitado e produzido por Alika Finotti, em homenagem ao grande mestre!
http://recantodasletras.uol.com.br/audios/poesias/38374
"O Ar.
Este blog atingiu o ponto em que a emoção virou comoção ...
e com o coração nas mãos que dedos são , digito em tremulação
o pouco deste sentimento , em aflição ...
Se eu escorregar , cair , e não mais me levantar , não precisais
de me vir levantar , porque na hora em que a mão amiga a mim se
estender , o que achareis não será o meu corpo , nem qualquer
réstea semeada neste preto embrulhado em vermelho em forma
de palavras que a minha alma ditou ...
Não , não encontrareis do corpo - meu - nada !
Olhai para o céu ! Vedes o azul ? É lá que moram todas as
linguagens que emanam deste espaço humano que somos todos
nós ; é lá que todas elas se encontram e comunicam ...
A atmosfera , energia em movimento , encarrega-se de elevar
e levar a outros mundos , a todos os mundos jamais alcançados ,
o produto ou soma de tudo o que é essencial ao unviverso , porque
não há nada mais leve e imponderável do que o pensamento e tudo
o que é imponderável pode habitar qualquer lugar no espaço dos
infinitos .
Longe de mim cair na presunção de que este corpo que me
transporta produziu algo que outras civilizações aproveitarão , o
que eu estou a afirmar é substancialmente diferente :
- Tudo fica disponível enquanto somos seres vivos e para além da
vida ; tudo está e é pairando ... algures ...
Quem sabe no mundo x tempo y haja uma simetria , imagem , de
nós mesmos .
Passamos a vida a fazer cópias de segurança , salvaguardando as
coisas que consideramos importantes guardar. Presumir que o
fazemos apenas porque , agindo desse modo , protegemos o que é
nosso - é presumir o imediato !
As flores silvestres , as pedras e tantas outras coisas , são nossas ?
Quem disse que o são ?
Em suma o que é nosso é de mais alguém também ...
Aqui e além ...
A Madrugada Das Flores , LSJ , 040220110855
ao meu querido amigo , Alikafinotti
Blog : Orgasmagia"
Autor do poema: Luiz Sommerville