Jane olhou pela janela do quarto que escolhera para dormir naquela primeira vez em Sapucaia. O luar era lindo! Nunca vira a lua daquela forma tão brilhante, cheia e próxima.. Parecia que estava a apenas 1 km da Terra! Isso a magnetizou.
"O luar de Sapucaia, é o mais lindo que já vi, acho que me encantei com essa cidade, quem sabe, abro uma filial aqui e me estabeleço de vez? Mas antes, tenho que saber de algumas coisas sobre Lorraine. Ela estava muito diferente, e nunca havia dado com o telefone sem se despedir de mim..."
Pensava, enquanto admirava aquele luar singular...
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E no Rio, Lorraine estava preocupada, uma nuvem cinza passava por sua mente calculista:
"E se ela descobrir tudo, o que faço? O que vou dizer amanhã para ela?
Tenho que procurar Rubens, ele me dirá o que fazer."
Ligou para ele, disse que era muito importante, marcando um encontro no bar da mãe Rubens.
Saiu em disparada para o bairro onde ele morava: Era um lugar feio, ruas escuras, quase sem iluminação, pessoas estranhas que pareciam ladrões... Não gostava dali, mas era ali que ele vivia, e teria que lhe falar o mais rápido possível, ainda aquela noite.
Ali estava Rubens no bar, sentado, mexendo com seu baralho. Lorraine chegou e foi direto ao assunto:
_ Jane está desconfiada de mim. Viu uma foto minha e de Patrick, na casa de Sapucaia.
_ Bem sendo assim, temos que agir com cuidado, inventando uma desculpa: Diga para ela que não se lembrava dessa foto. Mas que uma vez, esteve naquela cidade com um grupo da faculdade, e ali foram apresentados... E como ele tirava muitas fotos com os colegas, a convidou para também tirar uma, com ele. Ela "engolirá"!
_ Não sei, ela é muito esperta... Mas é o que me resta fazer... Se ela descobrir a verdade será nosso fim!
_ Sim, sim... Agora vai já ocupou muito meu tempo.
_ Ok. Te ligo depois.
_ Vai! Não escutou ainda?
_ Tá, tá...
Lorraine ficou pensando como aguentava o mau humor de Rubens, talvez porque ele era ótimo amante. E seu físico bem malhado a atraía... Além do segredo, é claro, que os envolvia.
Saiu a passos largos, detestava estar ali. E pensar que tudo foi tramado em uma mesa daquele bar!
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Jane ainda digeria tudo em sua mente, quando pegou o ônibus de volta ao Rio, pela manhã.
Ao chegar em casa, encontrou D. Matilde dando comida aos seus peixinhos. Deu um cordial " bom dia".
E ela respondeu:
_ Aqui correu tudo bem ontem, Jane. Bom dia para você também, vou embora, já que está de volta. Olha, um sujeito andou rondando a vizinhança de noite. Tome cuidado, minha filha, porque ele não é conhecido daqui da região.
_ Ah, foi? Nossa! Eu agradeço ter cuidado da minha casa, D. Matilde.
_ Não agradeça Jane. Faço com gosto, afinal eu e sua falecida mãe, éramos amigas de longa data! Te vi crescer, menina!
_ Eu sei.
D. Matilde entregou o vidrinho da comida de peixes nas mãos de Jane, que deu um beijo no rosto vermelho da senhora, enquanto fechava a porta da sala.
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continua
Fátima Abreu