Ainda que o penar te negue
Ainda que de ti me esconda
Na ronda cantada dos pássaros
O amor em ti me sonda, me segue.
Ainda que a cerração te esconda
Ainda que por meu sol te negue
Inspira-te o pulmão no salso aroma
De Ti exalado pelo mar nas ondas
Ave que em sublime gorjeio,
Minh’alma arrancas da noite
E a adornas, consolas e acalma;
Atenuas-lhe o açoite, reforças o enleio.
És abrandamento em meu penar
Sendo sentidos, ele, a te ouvir
Em cantata de amor na natureza!
Nela não hei Te trair nem negar
Quedado, nem mais amor te peço,
Por saber, Te peço, saber amar,
Até sentir o coração em chamas
E nelas arder por amar em excesso
Nem ofertar-me mais dons te peço,
Só peço-te o dom de saber ofertar
Ofertar da noite o tremor e o medo
Do dia os segredos do Amar que professo.