Escondida na lama e no orvalho matinal
Algures entre o Tejo e o campo
É onde vivo, onde padeço
Onde escrevo.
O destino leva-me sempre para longe
Longe do que quero
Se ao menos uma oportunidade me pudesses dar
Eu provaria que em tudo posso mudar
Mas vou-me,
Já sei
Adeus área de campas
Onde os anciãos residem e dão voltas
Arranham e gritam
Mas não saem de lá
E eu?
Eu que pouco faço
Mas que sofro dos sentimentos mais sombrios
Sou exilado
Para onde alguém que me salvou foi
É estranho o destino
Sei que num dia estou cá
E noutro não
Mas padeço e sofro pois pensam que feliz estou
Com essa escolha malfeita
Com toda a aparência e capricho
Que a nova terra dá
Errado estou?
Acho que não
Mas deixem-me dizer adeus!!
Agarrem-me senão fujo
Mas guardem o caderno
Aquele meu diário onde guardo desprimor
No meu negro caixão de felicidade
Pois vou para uma outra área
Outro cemitério
Onde transparece todo o monótono mármore
Todas as mesmas flores
Toda a igual vida...
Pedro Carregal