Poemas : 

Adeus área de campas

 
Escondida na lama e no orvalho matinal
Algures entre o Tejo e o campo
É onde vivo, onde padeço
Onde escrevo.

O destino leva-me sempre para longe
Longe do que quero

Se ao menos uma oportunidade me pudesses dar
Eu provaria que em tudo posso mudar
Mas vou-me,
Já sei

Adeus área de campas
Onde os anciãos residem e dão voltas
Arranham e gritam
Mas não saem de lá

E eu?
Eu que pouco faço
Mas que sofro dos sentimentos mais sombrios
Sou exilado
Para onde alguém que me salvou foi
É estranho o destino

Sei que num dia estou cá
E noutro não

Mas padeço e sofro pois pensam que feliz estou
Com essa escolha malfeita
Com toda a aparência e capricho
Que a nova terra dá

Errado estou?
Acho que não
Mas deixem-me dizer adeus!!
Agarrem-me senão fujo
Mas guardem o caderno
Aquele meu diário onde guardo desprimor
No meu negro caixão de felicidade
Pois vou para uma outra área
Outro cemitério
Onde transparece todo o monótono mármore
Todas as mesmas flores
Toda a igual vida...


Pedro Carregal

 
Autor
PedritoDomus
 
Texto
Data
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1684
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