no porão da casa velha da rua conde de são joaquim
ouço tosses...tosses...
lembrança da avó?
prenúncio de tuberculose?
espio o baú adormecido faz tempo
a torneira enferrujada volta a respírar no tanque
e solta um gemido de água morna...
no porão da casa velha
um silêncio comprido pede uma prece
a negra velha como a casa aparece com sua boca desdentada
olha para mim e se ri
pergunto-lhe o motivo da graça
ela dá uma cusparada de fumo mascado e reponde:
- Ué, sêo poeta, o senhor não ouviu, não?! São as criancinhas mortas querendo brincar com o Menino Jesus de Praga.
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júlio
Júlio Saraiva