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Um olhar

 
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Um olhar disfarçado
Passou ao meu lado
Nada me, nos disse apenas
Nas minhas, suas novenas
Em silêncio abafado
Passou ao meu lado

Um olhar incessante
Passou tão distante
No vazio parco de mecenas
Em certezas tão terrenas
Como só um errante
Passou tão distante

Um olhar embaraçado
Partiu já sem passado
Por ventos e chuvas amenas
Com frio de soís às dezenas
Por mim assim acossado
Partiu já sem passado

Um olhar silibante
Envolve-me sepultante
Como nos medos assim condenas
Entre os choros das nazarenas
Neste fim brilhante
Envolveu-me sepultante


António de Almeida

 
Autor
Antonio de Almeida
 
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