o teu amor é algo
que nunca coube dentro
de ti ou de tuas palavras-pedaços:
esses traços que me rabiscas, esses
poemas no precipício são apenas
gentilezas geladas, delicadezas
que apodrecem antes da meia-noite.
sou a bela que adormeceu, sou o
que não podes atingir com os teus
poemas de morte e solidão.
Nunca pudestes deitar no meu coração
sem veias, sem batimento, sem glória.
deixe-me dormir
e me perder nessa memória
que se desfaz quando não mais me conheço,
quando amanheço sem deus e sem paz.
o amor, o amor
deve ser muito mais.
deve estar no meu sapato perdido,
no castelo pintado de amarelo,
em algum modus operandis diferente.
o amor é quem já se foi
e continua aqui,
dentro da lua desenhada
apenas em mim.
Tudo ainda me desca/bela.