Meu poeta anda esmolando amores
Vestido de andrajos,
Pés no chão,
De porta em porta
Estendendo à mão
cabelos ao vento sem se dar conta do tempo.
Vagueia sem direção,
Cabisbaixo
Olhar abstraído, sofrido
Como Cristo traído, apavorado
Como Judas sem salvação!
Arrastando o véu,
Sem tocar o mar
sem pousar no céu
Folhas em branco
descendo pelo barranco sem freio,
sem rumo, sem meta...
Assim caminha o meu poeta,
Pesando-lhe o fardo
ferindo-lhe o dardo
que sangra no peito
E, vendo-o assim,
em sinal de respeito
Me silencio!
MarisaRosaCabral
Falar de mim? O quê?
Sou tempestade em copo d'água... Besta feito uma égua que não se curva e não se dobra, mas, se tu me cobra, eu digo: Sou chuvarada de verão, deserto quanto sertão e ainda ando só, sozinho... Remoendo as mágoas que ninguém ouve e...