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A REVOLTA NO ESTÁDIO

 
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Estavamos em 1940.
Era um menino. Tinha 8 ou 9 anos e como todos os meninos da sua idade, gostava de jogar à bola..
Ele mesmo fazia as bolas de trapos, com as velha meias da sua mãe.
Saía da escola e logo de seguida,, como um bando de pardais que esvoaçavam em liberdade, lá iam correndo para um descampado fazer a sua partida de futebol do dia.

Chegados, começavam a escolher os colegas para formarem as duas equipas.
O António.
O Manuel dizia o segundo
O José, voltando ao primeiro e por aí fora a terem as equipas formadas.

O jogo começava. Correria para aqui, correria para ali, gritos deste ou daquele mais exaltado, e goloooooo.
-Eh pá, és mesmo aselha, dizia o capitão da equipa ao guarda redes, estás sempre a dormir!
Bola a centro. O jogo recomeçava. Não havia tempo marcado, era muda aos quatro e acaba aos oito, quero dizer o total de golos marcados pelas duas equipas, até podia termina em quatro a quatro, era assim, não havia relógio nem prolongamento.

Todos os quinze dias, ao domingo, havia jogo de futebol para os homens, verdadeiros jogadores que jogavam para o campeonato e era um regalo vê-los jogar.

E os garotos lá iam ver o jogo, mas para entrar, tinham que pedir a alguém que já tinha pago o seu bilhete, para o deixar entrar com ele dizendo que era irmão ou sobrinho e em principio conseguia-se ir ver o jogo.
O campo pertencia a uma caserna militar e era lá que que a equipa local jogava com autorização das autoridades militares.
Além dos civis, simpatizantes dos clubes que disputavam o jogo, havia muitos militares que assistiam sem pagar visto que o estádio pertencia ao quartel.

O campo era rodeado por um olival em situação mais alta do que o estádio e a Guarda Nacional a Cavalo vigiava lá do alto o desenrolar dos acontecimentos.

Em principio, tudo corria bem mas, há sempre um mas, um garoto que se tinha esgueirado no olival,
de repente desceu em correndo e entrou no estádio. Ninguém viu onde estava o mal, um garoto com os seus sete anitos entrar de graça no estádio não era nem pecado nem infracção à lei ou pelo menos infracção à consciência de quem quer que fosse, mas um dos militares da Guarda Republicana, cheio de zelo, não gostou e desce com o cavalo a galope e passa por cima do garoto.
E o que tinha que acontecer, aconteceu. Um dos militares que assistiu à cena, não gostou mesmo nada do que viu e dirigiu-se ao Cavaleiro com palavras de reprovação e logo o cavaleiro desembainhou a sua espada e tentou agredir o militar.
Os colegas do militar vieram em socorro do colega, Os Guardas Republicanos vieram em socorro do colega e o caos se instalou, pancadaria geral.

O jogo entretanto continuava, como se nada fosse pois que tudo se passou fora do rectângulo de jogo.
Terminado o jogo, a força da Guarda Nacional Republicana constitui a sua formação e saíram do campo perseguidos pela populaça e pelos militares e apedrejados,
Acelerando o galope, eles tentaram se livrar das agressões, mas em chegando à vila, foi o cabo dos trabalhos, foram cercados.
Espadas desembainhadas, tentavam fazer dispersar toda aquela gentinha. Um dos militares aproximou-se de um cavalo, o Guarda Republicano tentou se defender com a espada e foi desarmado, pelo militar e todo o grupo que compunha a Força da ordem, foi encurralado e sem saída.
Foi o cabo dos trabalhos,. A noite chegou e foi com a chegada de reforços vindos de Lisboa, que eles conseguiram se desembaraçar da cilada onde se encontraram

O militar que desarmou o Guarda Republicano, virou herói.
Era natural do Cartaxo e fazia o seu serviço militar em Sacavém e ficou conhecido como o Cartaxo.

Por lá ficou, por lá casou e mais tarde acabou por ser empregado do clube como guarda do novo estádio e do respectivo tratamento.

Esta é uma história verdadeira, mas mostra o perigo que os garotos correm quando com tenras idades os pais os deixarem em liberdade. Naquela altura, o perigo não era muito mas hoje é um perigo enorme pois que uma grande parte com a liberdade dada, acabam por fazer disparates que não são aceitáveis

A. DA FONSECA


SOU COMO SOU E NÃO COMO OS OUTROS QUEIRAM QUE EU SEJA

Sociedade Portuguesa de Autores a Lisboa
AUTOR Nº 16430
http://sacavempoesia.blogspot.com em português
http://monplaisiramoi.eklablog.com. contos para as crianças de 3 à 103 ans
http://a...

 
Autor
Alberto da fonseca
 
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