Poemas : 

FEIJÕES

 
FEIJÕES
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quando criança, único filho que sou,
Brincava sozinho inventando mundos.
No inicio os mundo eram os dos filmes.
Nada criativo, eu sei...
Mas os personagens de carne e osso
Do cinema, não o eram em meus mundos.
Eu usava o que tinha à mão:
Feijões, milhos, folhas e botões...
E havia fases para os mundos...
Podia ser um mundo de piratas
Ou a Grécia antiga e a mitologia
Ou mesmo o Brasil dos bandeirantes...
Bem, o fato que me marcou
e até hoje lembro com tristeza,
Foi a fase dos bandeirantes...
A grama da minha casa era minha floresta.
O mundo dos sertões...
Meus bandeirantes eram feijões brancos
E meus índios uns feijões marrons.
E todos os dias após às aulas
Eu sentava na grama e em minha solidão
Que não existia
Criava estórias e lutas entre meus “heróis”
Bandeirantes e os índios...
Havia um em especial, o chefe da Bandeira...
Era o “artista” o que nunca morria...
Então aconteceu o desastre...
Choveu a noite inteira...
No outro dia quando fui retomar
A brincadeira
Não encontrei apenas a grama molhada...
Meus amigos Bandeirantes e índios... Coitados...
Não, não morreram...
Pior... Brotaram...
Não brinco mais com feijões...
Hoje meus personagens estão na cabeça...
Não correm o risco de brotarem...


 
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