Sinto-me angustiado
Como se fosse vomitar a alma
De tanto segredo
Sinto um ligeiro enjoo
Que rouba a felicidade
Nunca mais vou olhar para ti
Com a mesma igualdade
Sinto um estranho enjoo
Perante as sílabas
Os ais e os sonetos
Enjoa quem te vê
Ao abraçar quem não deves
Mas...
Mas serei eu que estou errado
(e daí este enjoo?)
Será que vocês estão ambos destinados
Ou será mais um cordel mal alinhado
Nas nossas vidas
Serei eu que morro por errar
Ou enjoo por não conseguir receber o certo?
Enjoado fico ao ver-te
Será isto vontade de te deixar?
Ou vontade de te querer?
Só sei que nada posso fazer
Perante a tua estupidez
Ou será a minha
De acreditar que me amas?
Serei eu que pintei mal o quadro
Durante estas náuseas e venenos
Só posso ter sido envenenado!!!
As cores distorcem-se como uma droga leve
(Ou bastante forte)
Os cheiros viciam-se como o tabaco
Que rouba a saúde
A vida e a virtude
Longe da minha área de campas
Tu estás no teu cemitério
Onde não há enjoo
Onde os arbustos são diariamente aparados
Onde as lápides da branca mármore são lavadas
Com perfume!
Deverei eu enjoar-me por aquilo que já foi meu??
Que já foi a minha triste área??
Só consigo dizer que me sinto enjoado
Quando te olho
E quando me observo
Quando te colho
Ou quando me torno em servo
Sinto este constante mal estar
Sinto esta agonia
Mas prefiro deixar de lutar
Do que errar mais uma vez
Em algum dia...
Pedro Carregal